terça-feira, março 11, 2008

Para José Sócrates a ministra "nunca esteve em causa"

Sócrates diz que a ministra "nunca esteve em causa" - JOÃO PEDRO HENRIQUES, DN, 10/03/2008

O novo regime de avaliação dos professores vai mesmo avante. E o lugar da ministra da Educação "nunca esteve em causa". O primeiro-ministro (PM), José Sócrates, reagiu ontem à Marcha da Indignação dos professores, que no sábado reuniu em Lisboa cem mil manifestantes, número superior a dois terços da classe.

"O que me convence não é a força dos números; é a força da razão", disse. "Não posso recuar naquilo em que acredito e em que estou absolutamente convencido", disse ainda, acrescentando: "Era só o que faltava, a acção governativa depender de manifestações."

José Sócrates falava em Lisboa, no CCB, após um debate promovido por jovens quadros ligados ao PS, uma iniciativa intitulada "Geração de Ideias".

Aproveitou a oportunidade para garantir confiança política na ministra, cuja demissão imediata é agora exigida pelos sindicatos dos professores: "A saída da ministra não está, nem nunca esteve em causa. Tem feito um trabalho muito importante." E as reformas - disse ainda - "já produzem resultados".

O primeiro-ministro esforçou-se por passar uma imagem de empenhamento absoluto no novo regime de avaliação: "Há 20 anos que esperamos, que adiamos, que suspendemos, que nada se passa. O País não pode esperar mais." Tentou ainda explicar as vantagens da proposta do ponto de vista dos interesses dos professores: "Contribui para o seu prestígio social uma avaliação baseada no mérito. Não acredito em progressões automáticas." "A pior injustiça que se fez nestes 20 anos aos professores foi deixar tudo como estava. O erro foi não ter feito nada nos últimos 20 anos", afirmou o líder socialista.

Ao mesmo tempo, sinalizou flexibilidade nos detalhes da reforma: "Pode mudar. Não há métodos perfeitos. Pode evoluir."

Afirmou-se ainda compreensivo com a indignação dos professores: "Compreendo que estejam insatisfeitos. Foram muitas mudanças em pouco tempo", disse, exemplificando com as aulas de substituição, com a generalização do inglês no 1.º ciclo do ensino básico, com o alargamento dos horários de funcionamento das escolas.

Antes de falar aos jornalistas, perante os jovens quadros da "Geração de Ideias", sublinhara que "o pior" no sector da Educação "era não fazer mudanças". "Quem muda - disse - pode cometer erros e corrigir. Nos últimos 15 anos, o erro foi nada mudar na Educação."

Explicou ainda o porquê da sua aposta na reforma do sector: "Não há nenhuma receita mágica para o crescimento económico. Mas, uma coisa sabemos: nenhum país teve sucesso sem apostar no conhecimento."

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