segunda-feira, julho 28, 2008

Boletim do Encontro em Defesa da Escola Pública 4

Maria de Lurdes Silva e Adélia Gomes (professora aposentada, CDEP)

Maria de Lurdes Silva

(professora da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação de Lisboa)

Uma Escola de excelência

A educabilidade é uma característica exclusivamente humana. E, por este termo, quer-se significar tanto a necessidade como a possibilidade de o ser humano ser educado e educar-se. Esta necessidade do ser humano tem a ver com a natureza inconclusa e imperfeita do homem. Se não for educado, o ser humano não será humano, isto é, não será detentor dos hábitos, usos, costumes, saberes, técnicas, atitudes, valores e sentidos próprios da sua espécie e que identificam cada homem como fazendo parte da humanidade e o distinguem de qualquer outra espécie. A Filosofia e a Antropologia apoiam-nos nestas afirmações.

A possibilidade do ser humano ser educado e educar-se tem também a ver com a natureza inteligente do homem, com o facto de dispor de memória e com a capacidade de comunicar. Nenhum outro ser armazena, codifica, descodifica e comunica informação. É por causa desta natureza, a mais complexa de todas, que o homem pode aprender e ensinar. Aprender é verdadeiramente humano. A história não regista, em qualquer outra espécie, esta capacidade, ou melhor, uma capacidade como esta de invenção, descoberta, inovação, transformação e desenvolvimento.

As sociedades humanas são hoje bem mais complexas do que foram há anos, há séculos atrás. São hoje bem mais sofisticadas, têm produzido artefactos verdadeiramente indescritíveis e até, por vezes, inimagináveis;

e alcançaram um domínio sobre a natureza e sobre a própria vida, como nunca antes tinha acontecido. Estes avanços têm o seu reverso. Mas, em si mesmos, só em si mesmos, são avanços. Isto tem a ver e é explicado exclusivamente pela possibilidade que o ser humano tem de educar-se e ser educado e de avançar, umas vezes mais aos trambolhões, outras vezes menos, de patamar em patamar.

Afirmando-se esta necessidade e esta possibilidade em relação à espécie humana, fica feita tal afirmação para cada indivíduo da espécie.

“O homem não é homem senão pela educação”

Cada ser humano, todas as pessoas têm necessidade e possibilidade de educação. Deste postulado resulta que a educação é um bem, que nenhum ser humano pode dispensar, ou que a nenhum ser humano pode ser negado, se quiser ser homem, verdadeiramente homem; ou, dito ao contrário: “O homem não é homem senão pela educação”; e, por isso, a educação tem que ser dada a todos os homens para que sejam seres humanos.

A universalidade da educação mais não foi do que a transferência, para o domínio do direito e do mundo da lei, deste ponto de vista filosófico e antropológico. Portanto, por causa do ser humano ter necessidade de educação, a educação é, hoje, um Direito Universal; assim mesmo o entendem as Declarações Universais, seja do homem, seja da criança, sejam tratados de ordem internacional…

E até mesmo que isto tenha acontecido há pouco tempo, não deixa de ser uma evidência que o direito à educação é um Direito Universal, de que ninguém pode ser despojado.

Mesmo havendo povos, muitos povos, e milhões de seres humanos que continuam privados deste bem necessário, não podemos deixar de dizer que ele é um bem, que deve e tem de ser considerado um Direito Universal. E daqui resulta uma ideia chave: “Todos têm direito à educação”; e dizendo todos, está a dizer-se cada um, e cada um, e cada um… E cada um, e só cada um é dono desse direito; é um direito de que cada um, ainda que quisesse dele não podia dispor, nem dele podia ser privado. E é por isso que a obrigatoriedade da educação é o corolário destas aquisições civilizacionais; é obrigatório ir à escola para que ninguém se apodere do direito do outro a educar-se e ser educado. Nem sequer um pai pode apropriar-se deste direito do seu filho a ir à escola; nem sequer pode privá-lo de se educar e ser educado. Nem este ou aquele poder se pode sobrepor a este direito e ao cumprimento desta exigência imposta pela própria humanidade.

A inclusão, uma escola inclusiva, é outro dos corolários desta ideia-chave, que culminará nesta outra conquista da nossa civilização que é a gratuitidade da educação como sendo um modo prático de a todos garantir o acesso a um bem sem preço.

A educação é constitutiva do ser humano; mais, é um alicerce das próprias sociedades humanas, é-lhes intrínseca.

A universalidade, a obrigatoriedade, a inclusão e a gratuitidade da educação só se resolvem no quadro da Escola Pública, porque todos os cidadãos são iguais perante o Estado. Apesar de qualquer diferença, de todas as diferenças, é o Estado a única entidade que está em condições de oferecer uma educação com carácter universal; e isto, também, por uma razão prática: nenhuma entidade, seja qual for a sua natureza, nem mesmo que se juntassem todas, dispõe de um saber e de uma rede estendida a todo o território e acessível ao universo daqueles que têm de educar-se e de ser educados. Por outro lado, só o Estado dispõe de poder coercivo bastante para obrigar os pais a mandar os filhos à escola e para os privar do poder que pensam que têm sobre os filhos de os impedir de ir à escola. Ninguém está acima deste poder. E, por isso, o Estado tem o poder de obrigar todas as crianças e todos os jovens a ir à escola.

O Ensino tem de ser da responsabilidade do Estado

Nestes termos, a educação tem que ser gratuita como o ar e a água, como tudo aquilo que faz parte (e nos é necessário) para que possamos ser verdadeiramente humanos. E, por isso, não se pode obrigar ninguém a pagar por uma coisa que é obrigatório ter; e, portanto, só o Estado reúne os meios, de toda a espécie, para oferecer educação nestas condições e para obrigar as crianças e os jovens a dela disporem. É por isso que a Escola tem que ser pública.

E, se mais argumentos não houvesse, bastaria recorrer a um argumento com força histórica: ”A universalização da educação”, como empreendimento intencional e sistemático, acontece ao mesmo tempo que são criados os sistemas de Ensino Público.

O que, no nosso País, aconteceu em meados do século XVIII, e cujo desenvolvimento tem vindo a acompanhar e a impulsionar a escolarização. Penso não errar se afirmar que não há Escola Universal fora dos sistemas públicos de educação e que uma e outros estão de tal maneira associados que é quase impossível separar o conceito de Educação da realização do sistema público da educação. Ao invés, a redução da presença do Estado neste campo foi sempre sinónimo de menos escola e mais atraso. Mas, não basta que o Estado ofereça uma escola pública universal, obrigatória, inclusiva e – mais ou menos – gratuita; a Escola tem de ter qualidade, porque o desenvolvimento das nossas sociedades reclama, hoje, vários níveis de instrução da população, porque isso tem reflexos nos níveis de riqueza e nos níveis de bem-estar de uma sociedade.

A Escola pública tem de ser de qualidade

Mas, atenção: a agenda da Escola, a agenda dos Educadores, não é a agenda do Capitalismo. Aqui – uma Escola de Qualidade – é o lugar, é o ponto onde educação e cultura se encontram. É, por outro lado, o ponto e o lugar onde o professor exerce o seu ofício; e no código ético do ofício do professor está um compromisso com os valores civilizacionais. E estes são: a solidariedade, a fraternidade, a igualdade e a liberdade. Os valores da competitividade, do individualismo, da violência – e outros que podíamos associar a esta família – fazem parte de outra escola, não da agenda da Escola, não da agenda do educador.

E assumo, com inteira liberdade, o lado em que me encontro: o meu lado não é de uma educação neutra; o meu lado não é de uma educação que não tenha valores; o meu lado é, se quisermos, o lado daqueles revolucionários americanos que, em 1776, escreveram: “Os homens nascem todos iguais em direitos”; o meu lado é o de Rousseau, de Maria Montessori, o de todos aqueles que acham que todos têm direito a educar-se e a serem educados sem opressão. É por isso que afirmo: é por causa de, felizmente, estas ideias estarem a fazer algum caminho, apesar de tantos tropeções, que está a ser hoje difícil à Escola Pública suportar as dificuldades com que está a lutar; mas eu sei, e nós sabemos, que ela vai vencer e que vai sobreviver, porque não há outra instituição criada pela humanidade e pela nossa sociedade capaz de a substituir; e, por isso, ela vai seguramente sobreviver.

E passa por nós, educadores e encarregados de educação, esta luta de todos os dias – seja na sala de aula, seja na sala de professores, seja na rua – por uma Escola pública de qualidade, em que educação e cultura estejam do mesmo lado e sejam partilhadas por professores e alunos e por todos aqueles que a Escola procurar influenciar, para trazer mais bem-estar e mais riqueza à sociedade.

quinta-feira, julho 24, 2008

Boletim do Encontro em Defesa da Escola Pública 3

Maria do Carmo Vieira, Encontro de 19/Abril/2008 CDEP

Maria do Carmo Vieira
(professora de Língua Portuguesa na Escola Secundária Marquês de Pombal – Lisboa)


Uma Experiência Positiva na Aprendizagem da Língua Portuguesa


É com muito prazer que venho a estes Encontros, pois são a possibilidade de manter um debate gratificante sobre situações relativas à Instrução e à Escola Pública, deixando a esperança de que os nossos actos constituam pegadas que outros retomarão a médio ou longo prazo.

Sendo a minha intervenção muito breve, aproveitá-la-ia para relatar uma situação em que foi protagonista um meu aluno, angolano, do Ensino Secundário Nocturno, trabalhador da construção civil. Uma turma, aliás, mosaico de culturas, numa comunhão ucraniana, brasileira, africana e portuguesa. Estudávamos, então, o Romantismo e o escritor Almeida Garrett (1ª metade do século XIX) que foi, precisamente, o introdutor do Romantismo em Portugal. No intuito de os consciencializar da importância do que se herda, foquei o facto de os românticos não terem hostilizado de todo os clássicos, mantendo, por exemplo, entre outros aspectos, o gosto pelas metáforas, nomeadamente a do livro e a da viagem, simbolizando, na cultura clássica, a vida humana. Daí a presença tão regular do livro esculpido sobre as campas de um cemitério, identificando a vida como um livro que se vai escrevendo e folheando até que a morte o feche em definitivo. Também o gosto pelas viagens a Itália, pátria do Renascimento clássico, se incluiu no percurso da maior parte dos artistas românticos.

Schubert, compositor alemão e romântico, que faleceu bastante jovem, num hospício, compôs a sua «Viagem Magnífica», que mais não é do que uma metáfora da vida, no misto de sentimentos que a preenche. Antes de relatar a situação, que me propus, gostaria que ouvissem um pouco do 3º andamento, proposta idêntica à que fiz aos meus alunos, pedindo-lhes que me dissessem, após a audição, o que haviam sentido. É chegado o momento de destacar a intervenção do Emanuel, que pela 1ª vez ouvia música clássica, tendo apontado a nostalgia e a melancolia como sentimentos-chave do extracto da composição ouvido. Uma precisão que foi felicitada e aproveitada para explicar a presença de dois sentimentos em nostalgia, a saudade e a tristeza, num testemunho de perda de algo que se teve, mas que se perdeu no tempo, ainda que se mantenha a recordação. À nostalgia se associa, aliás, a poesia de Fernando Pessoa, na sua constante saudade em sofrimento da infância, «pavorosamente perdida».

No final da aula, o Emanuel pediu-me o CD emprestado para o gravar, confessando-me dias depois que Schubert era agora seu companheiro das horas de almoço e de regresso a casa, pois a sua nostalgia, ainda que fruto de experiência diferente da de Schubert, incluía a saudade sofrida da sua pátria distante, dos familiares que lhe eram queridos e da natureza profundamente ligada à sua infância.

O belo nesta história verídica é a força da arte, o dom que tem de encantar e fazer simultaneamente reflectir. Cumpriram-se, no gesto do Emanuel, os versos do poeta norte-americano, Walt Whitman, referindo o poder de um livro, ou de qualquer obra de arte: «Camarada, isto não é um livro/ Quem isto toca, toca um homem». Um início de amizade que estou certa perdurará no tempo.

O facto de a Escola estar a subestimar a Literatura, em proveito dos Media, dos textos pragmáticos e da publicidade, muitos dos quais de qualidade medíocre, é uma situação que podemos exemplificar, utilizando a frase publicitária «Congela o tempo» e o verso de Ricardo Reis (o médico da heteronímia pessoana) «Cada coisa a seu tempo tem seu tempo». Não será difícil compreender qual dos dois exemplos encerra o carácter profundamente estético da língua e o convite a uma reflexão apaziguadora sobre a velhice, estádio natural a todo o ser humano. A frase publicitária é o exemplo do discurso alienador, a defesa do eternamente jovem, atitude em que nos mentimos e em que somos explorados hipocritamente por terceiros. Pelo contrário, com Ricardo Reis somos levados a encarar sem conflitualidade a passagem do tempo, estando implícito o convite a aproveitar o que cada idade nos oferece, «estação do ano» na metáfora clássica. A Primavera é diferente do Verão, este do Outono e ainda mais distanciado do Inverno. O importante não é fugir da velhice, mas descobri-la e aproveitá-la na sua descoberta.

Actualmente, é a 1ª mensagem que agora se privilegia na Escola e na sociedade globalizante em que vivemos. Por isso, já a pornografia tem entrada no trabalho escolar, como exemplo da linguagem publicitária, através da utilização de pequenos anúncios ilustrados, numa oferta de momentos de Relax, divulgados num jornal de referência diária, «O Diário de Notícias». Este pormenor foi, aliás, a justificação de que se serviu o aluno para apresentar, na sala de aula, o referido trabalho.

Atento a esta situação de apagamento da Cultura esteve o grande maestro e violonista Yehudi Menuhin, ao dirigir, em Fevereiro de 1999, uma carta à Comunidade Europeia, em que lamentava o facto de no seu programa nem uma palavra incidir sobre a necessidade de envolver os cidadãos europeus com a Arte e a Cultura. Menuhin viria a falecer, infelizmente, um mês depois, sem que tivesse obtido uma resposta. É em sua homenagem e porque também «o toco» e me «deixo tocar por ele», recuperando os versos de Whitman, que vos convido a ouvir um extracto da 6ª sinfonia de Tchaikowsky, denominada «Patética», dirigida pelo próprio Menuhin, lendo-vos seguidamente um extracto da carta acima referida:


«É a arte que pode estruturar a personalidade dos jovens cidadãos no sentido da abertura do espírito, do respeito pelo próximo, do desejo de paz.

É a cultura, de facto, que permite a cada pessoa enriquecer-se com o passado para participar na criação do futuro.

Só ela, ao unir a diversidade, nos oferecerá uma verdadeira consciência europeia, porque ela é a inclusão da diversidade das culturas que dá à Europa todo o seu esplendor e que através dos séculos apreende para nós o resto do mundo.

Ignorando de uma forma tão manifestamente cega a cultura, estão a construir uma torre de marfim assente em areias.»


Maria do Carmo Vieira

segunda-feira, julho 21, 2008

Encontro de 19/Abril - Nota de Abertura

Pais e Professores unidos numa mesma luta em defesa da escola pública

Paula Montez

(Mãe e encarregada de educação, também presidente da Associação de Pais da EBI de Miraflores e membro desta Comissão)

Nota de abertura

Em nome da Comissão de Defesa da Escola Pública saúdo todos os que escolheram estar hoje aqui neste Encontro-Debate, unidos no nobre propósito de debater a Escola Pública.

A Comissão de Defesa da Escola Pública foi criada em 1998 e retomada em Maio de 2002. Agrupa um conjunto de cidadãos: professores, educadores, auxiliares de acção educativa, pais e estudantes, os quais sentiram a necessidade de se unir em defesa de uma escola pública, democrática e de qualidade. Consideramos a escola como um espaço de liberdade, de responsabilidade e de crescimento, cuja finalidade central seja a formação do ser humano e, só depois, do trabalhador. Não pretendemos substituir-nos a qualquer organização sindical, partidária ou associativa, nem dispomos de quaisquer apoios financeiros. Temos a firme convicção de que só num quadro de unidade entre todas as organizações e movimentos será possível reconstruir e manter viva a escola pública.

Este Encontro vem na sequência de uma delegação da Comissão de Defesa da Escola Pública, que em Julho do ano passado foi recebida na Assembleia da República por um membro da Comissão de Educação do PS. Nessa delegação foi entregue uma carta saída de um Encontro realizado aqui mesmo, nesta sala, onde se expressava a nossa preocupação face ao processo de destruição da Escola Pública, em consequência das políticas educativas praticadas pelos sucessivos governos. Esta delegação permitiu abrir a perspectiva de um Encontro a realizar na Assembleia da República, previsto para Outubro de 2007, o qual não se concretizou por ter sido posteriormente considerado contraproducente pelos outros membros da Comissão de Educação do PS. Desde logo ficou assente que – dentro ou fora da Assembleia da República – o Encontro haveria de ter lugar, e que tomaríamos em consideração o desafio que nos foi lançado de partirmos de exemplos de experiências positivas realizadas na escola pública.

Face ao modo acelerado como a equipa ministerial, dirigida por Maria de Lurdes Rodrigues, tem entretanto insistido em impor aos intervenientes no processo educativo as metas preconizadas na “Agenda de 2010”, adoptadas pela União Europeia no seguimento da Cimeira de Lisboa, realizada em Março de 2000, tornou-se ainda mais premente juntarmo-nos para debater qual o caminho positivo para uma escola com capacidade para responder a todos os alunos, capaz de garantir a tranquilidade do trabalho dos docentes e dos alunos, uma escola com recursos, com exigências de qualidade e onde se ensine e se pratique a democracia.

Esta necessidade conjuga-se com a exigência de responder positivamente ao profundo movimento iniciado pelos professores, em unidade com os as suas estruturas sindicais que viria a culminar na Marcha da Indignação de 8 de Março, mobilização de 100 000 apoiada e participada também por pais e cidadãos em defesa da escola pública.

É assim que este Encontro, agendado desde há alguns meses, se torna ainda mais actual e pertinente.

Este Encontro está dividido em duas partes:

A primeira procurará abordar – a partir das intervenções de professores que estão nas escolas, de professores ligados à investigação e dos que estão ligados à luta política e institucional – como é possível perspectivar uma escola capaz de formar e de qualificar as jovens gerações para um futuro de democracia e desenvolvimento, para um futuro de liberdade.

A segunda parte procurará centrar-se na resistência e mobilização dos docentes portugueses, em ligação com as mobilizações e resistências que se estão a desenvolver em toda a Europa, bem como nos caminhos que estas mesmas mobilizações abrem e que ultrapassam largamente o quadro da Escola – ou não fosse a Escola a base do futuro.

sexta-feira, julho 18, 2008

Boletim do Encontro em Defesa da Escola Pública 1

Boletim do Encontro em defesa da Escola Pública

de 19 de Abril de 2008

Luísa Mesquita/Carmelinda Pereira

Utilizando as organizações que lhes pertencem, os professores e educadores, com todos os outros trabalhadores, voltarão a levantar-se para restabelecer a Escola de Abril

Não exige esse restabelecimento a ruptura com a União Europeia?

No momento em que teve lugar o 4º Encontro de Defesa da Escola pública, a 19 de Abril de 2008, em Algés, os professores e encarregados e educação tinham acabado de viver a experiência frustrante do epílogo da extraordinária mobilização nacional de 8 de Março, realizada em unidade, com os todos os seus sindicatos e movimentos, para exigir que os deixassem ser professores.

Os militantes que se envolveram na realização deste Encontro tinham participado – através das estruturas a que estão ligados (os seus sindicatos, ou associações de pais) – nesses processos de mobilização, procurando, a cada momento, expressar de forma clara as reivindicações que uniam todos os docentes, para que estas pudessem ser assumidas por todos os sindicatos. Ao mesmo tempo, voltavam-se para a maioria do PS, na Assembleia da República, para que esta agisse em conformidade com as aspirações dos trabalhadores e das populações que lhes tinham dado o voto, em Fevereiro de 2005.

Assim não aconteceu ainda.

Os dirigentes sindicais preferiram assinar um “acordo de pacificação” – o chamado “Memorando de entendimento” – em vez de fazerem um apelo para unir os professores com todos os outros trabalhadores, criando as condições para que a maioria PS apeasse a ministra da Educação, tal como tinha feito apear o ministro da Saúde, Correia de Campos.

Não havendo esta atitude por parte dos dirigentes sindicais, pôde ser prolongado o processo de destruição das leis portuguesas que dão substância à Escola Pública democrática, para poderem continuar a vingar as directivas da União Europeia.

Até quando?

O Encontro de 19 de Abril reflectiu sobre toda esta situação. Os que nele estiveram presentes puderam verificar que os ataques à Escola Pública, em Portugal como nos restantes países da Europa, têm todos o mesmo epicentro: a União Europeia.

A Comissão de Defesa da Escola Pública irá prosseguir a sua actividade, defendendo a Escola de Abril – cuja base só pode ser a democracia, a todos os níveis (da gestão nas escolas, ao controlo pelos trabalhadores das suas próprias organizações de classe).

A União Europeia cada vez demonstra mais claramente que é a negação da democracia. O voto do povo irlandês e o modo como as instituições da UE o querem desvirtuar são mais uma prova disso.

Perante estes factos, como agir para defender o restabelecimento da Escola Pública democrática e de qualidade por que todos lutamos – a Escola de Abril – sem retomar os seus fundamentos democráticos?

Será isto possível sem a ruptura com as instituições da União Europeia e os seus tratados – na perspectiva da construção da União Livre das Nações Soberanas de toda a Europa?

Carmelinda Pereira


terça-feira, julho 01, 2008

Comentário ao Post anterior (Comunicado da APEE da EBI de Miraflores)

Comentário extraído daqui

Maria Lisboa disse...

Sim! É o mesmo que esteve em Queijas e que durante muitos anos foi delegado sindical na zona. Na última reunião sindical que teve na minha escola (não é a de Queijas) e que coincidiu com a greve sectorial ocorrida na altura dos exames perguntei que raio de delegado era aquele que não tinha tido uma única intervenção favorável aos professores, tendo sido eu a dar todas as informações relevantes para não só sobre a acção de luta que decorria, como também sobre os problemas que estavam na mesa - vim a saber que tinha sido cooptado para a DREL!!! As NEE devem ter sido o que lhe arranjaram para fazer... o que até nem lhe fica mal.


Quanto à Presidente (...) da Associação de EE da EBI de Miraflores - (que tb não é a minha escola), só tenho que lhe reconhecer e agradecer a militância que tem tido na luta por uma escola pública de qualidade e pela dignificação da profissão docente, o que mais uma vez demonstra com esta tomada de posição.


Já agora, a CMO e a empresa que coordenam as AEC do Concelho têm proposto às escolas a flexibilização dos horários do 1º, ciclo para sua comodidade, argumentando que não conseguem ter um corpo de professores operacionais se as horas de AEC se mantiverem apenas na faixa das 15 às 17 horas. Já no ano passado tentaram esta manobra e na minha escola o CP opôs-se. Este ano, voltaram a tentar, abordando, em primeiro lugar os profs do 1º ciclo, que perante a pressão acabaram por concordar. Mais uma vez me opus, em reunião de CP, mas a decisão já estava tomada. Sei que esta flexibilização tem acontecido noutros locais ao longo do país, e isto quer isto dizer, que as tais actividades que se pretendiam de complemento, que se pretendiam de ocupação de um tempo que permitisse aos alunos ficarem no espaço escolar no fim das actividades lectivas para que os pais pudessem estar mais descansados e organizar a sua vida profissional com a dos filhos, passou a ser a actividade que condiciona os tempos escolares dos alunos. A actividade lectiva está a ser remetida para 2º plano, passando a ser exercida nos intervalos das AEC, remetendo o terminus da actividade curricular, que deveriam constituir actividade principal, para o final do dia, quando as crianças estão mais cansadas e cujos tempos deveriam ser dedicados ao brincar que tanta falta lhes faz!

Já nem falo da brincadeira espontânea, da brincadeira normal de uma criança e que tão útil é ao seu desenvolvimento a todos os níveis, brincadeira essa que tem vindo a desaparecer. É de tal modo o controle que é feito da vida da criança que esta já nem brincar sabe! Se estiverem atentos, no jardim, na praia, em qualquer lado, ouve-se os pais dizerem aos filhos "vão brincar"... e a resposta surge prontamente "a quê, pai?". Alguma vez perguntaram isso? Alguma vez os vossos filhos vos fizeram semelhante pergunta?

A incapacidade de organização dos seus próprios tempos é cada vez maior. A implicação desta incapacidade em todos os níveis da vida exprime-se numa infantilização cada vez maior da criança/jovem, num decrescer da auto-estima, numa diminuição da capacidade de responsabilização pessoal, numa cada vez menor autonomia. Tudo isto se reflecte na capacidade de aprender e de gerir a aprendizagem. Tudo isto se reflecte na incapacidade de reacção aos estímulos e na consequente resposta social que pretendemos (pelo menos, nós os professores) desenvolver nos nossos futuros (actuais jovens)cidadãos adultos.

É com enorme pesar que vejo um futuro negro para este país, no qual alguns beneficiados, porque com pais estimulantes e com condições de proporcionar essa estimulação, serão os "senhores do mundo" vs "os mandados" (para não dizer escravos).

1 de Julho de 2008

Reunião DRELVT (ME) - Comunicado aos Pais

Associação de Pais e Encarregados de Educação da EBI de Miraflores

COMUNICADO AOS PAIS E ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO


Caros pais e encarregados de educação


A APEE da EBI de Miraflores reuniu com a DRELVT (Ministério da Educação) no dia 18 de Junho. A reunião contou com a presença de dois funcionários da DRELVT (o Professor Pedro Lara, especialista na área das Necessidades Educativas Especiais e a Dra. Isabel Abreu, responsável pelas Actividades de Enriquecimento Curricular), a senhora Presidente do Agrupamento de Escolas de Miraflores e os Presidentes das Associações de Pais da EB1 Sofia de Carvalho e da EBI de Miraflores.

Um dos principais assuntos da agenda era o pedido de retirada das placas de amianto do tecto do ginásio da EBI de Miraflores. Esta obra não está prevista nem foi considerada prioritária. Não existe nenhum plano para retirar as referidas placas e a DRELVT considera este assunto um exagero da comunicação social. Segundo Pedro Lara não há qualquer perigo para a saúde pública, apenas a inalação seria perigosa. Considerou ainda que a exposição directa e prolongada não oferece qualquer risco e que apenas as fibras inaladas são cancerígenas.

Chamámos a atenção para a possibilidade de deterioração das placas, que ninguém mandou analisar, e constatámos que os níveis de amianto não têm sido medidos ultimamente. Há a possibilidade de se requerer ao Instituto Ricardo Jorge que proceda à medição dos níveis de qualidade do ambiente nas imediações do ginásio e outros edifícios. Segundo a DRELVT, deverão ser as associações de pais a requerer o estudo ambiental. Suportando os custos? A União Europeia mandou substituir o seu edifício por um novo por conter placas de amianto e permite que as nossas escolas continuem a usá-las?

Disseram-nos: economicamente não é viável substituirmos todas as placas de amianto que existem em 80% das escolas portuguesas.

Como vamos explicar aos pais que existem verbas para fazer nas escolas um choque tecnológico mas que não há capacidade financeira para pôr as nossas escolas a funcionarem em segurança?

Ficou assente que é preciso fazer uma auditoria ao estado do ginásio da EBI de Miraflores.

Quanto à segurança existente nesta Escola Básica Integrada, criada de raiz para acolher crianças do grupo etário do 2º. e 3º. Ciclos, foi negado pela Sra. Presidente do Conselho Executivo que existam casos, nomeadamente ao nível da vigilância do portão da escola. Para Pedro Lara as EBI são o melhor modelo e avisou que com o nosso alerta ainda podemos gerar um Estado securitário que se pode voltar contra nós.

Em termos de melhoramento das acessibilidades, a EBI de Miraflores não terá uma intervenção prioritária pois há casos piores. A DRELVT considera que não havendo casos de alunos com cadeiras de rodas não se justifica introduzir um sistema de acesso a deficientes. No nosso entender devia haver uma norma comunitária que obrigasse a esta intervenção.

A rede escolar não prevê que as turmas onde existam alunos com Necessidades Educativas Especiais possam ter menor número de alunos, como acontecia até agora. Quanto à falta de apoio especializado que espera as crianças cujas NEE deixam de ser consideradas como tal pelo novo Decreto-Lei 3/2008, argumentaram-nos com as realidades económicas.

Como explicar aos pais que com o choque tecnológico se torna possível instalar quadros interactivos nos jardins de infância mas que é insustentável ter um psicólogo em cada escola?

As Actividades de Enriquecimento Curricular não são obrigatórias por lei, mas ao serem inseridas no horário das aulas curriculares é como se fossem. A entidade promotora deverá fazer parcerias. Na EBI as AEC serão asseguradas por professores contratados da escola em parceria com a empresa “Espalha Ideias”, contratada pela CMO. O diálogo com os pais será feito apenas através do professor titular da turma, embora a APEE tenha conseguido obter uma resposta positiva por parte da DRELVT que passa a requerer que uma reunião de apresentação deverá ser feita entre os professores das AEC e os pais no início de cada ano lectivo. Cabe aos encarregados de educação exigir melhor qualidade das AEC e das actividades previstas para prolongar o tempo que os nossos filhos vão passar a estar na escola.

A passagem das responsabilidades do Ministério da Educação para os municípios deverá começar a entrar em curso no próximo ano, pelo que esta associação já requereu uma reunião com a Divisão de Educação da CMO onde serão colocadas as mesmas dúvidas.

A APEE da EBI de Miraflores mostrou-se expectante e apreensiva face à forma como irão ser implementadas as novas leis a partir de Setembro e, como tal, adverte os pais para a importância de as conhecerem e de reflectirem sobre as suas consequências: Estatuto da Carreira Docente e Avaliação do Desempenho dos Docentes (processo de que fomos afastados nesta escola); Estatuto do Aluno e Decreto-Lei 3/2008 (NEE); Novo Modelo de Gestão e de Autonomia (Lei 75/2008) e Municipalização do Ensino, as quais causarão alterações em todos os regulamentos da escola e na forma como a escola passará a ser gerida por lideranças com poderes reforçados.

Em todo este processo saudamos os professores dos nossos filhos que, suportando esta sobrecarga de leis e reformulações, com o consequente acréscimo de trabalho, ainda assim conseguiram levar o ano lectivo até ao final.

Como Pais e encarregados de educação, não poderemos – em consciência – deixar de procurar todos os meios ao nosso alcance para garantir uma escola pública de qualidade para os nossos filhos.

E, por isso, continuaremos a exigir junto das entidades responsáveis:

- Análise das placas de amianto, que cobrem o ginásio, assegurada pelo Ministério da Educação, de forma a obter a garantia que a saúde dos nossos filhos está acautelada;

- Turmas com um máximo de 20 alunos, desde que integrem uma criança com necessidades educativas especiais, tal como vigorava na lei que o Governo alterou;

- Manutenção das respostas educativas para todas as crianças, incluindo as que têm necessidades educativas especiais, respostas que deve integrar um psicólogo, dado que as dificuldades sociais e familiares se reflectem na vida emocional de muitas crianças, impondo-se um acompanhamento psicológico;

- Professores contratados, vinculados à escola, da responsabilidade do ME, para assumir todas as disciplinas do Programa nacional da nossa Escola Pública, incluindo as disciplinas de inglês, educação física, música e outras áreas de expressão, em vez de professores itinerantes contratados por empresas;

- Não queremos uma escola retalhada entre o ME, a autarquia e empresas privadas;

- Uma gestão escolar assente em órgãos democraticamente eleitos.

Para podermos debater este caderno de requisitos para o funcionamento cabal da escola dos nossos filhos e vermos os passos que poderemos dar no sentido de conseguir a sua garantia, propomos que, logo no início do próximo ano lectivo, se realize uma assembleia-geral de pais.



APEE da EBI de Miraflores

Junho/2008

Maçonaria propõe ensino de história comparada das religiões

“A história comparada das religiões deveria ser ensinada na escola pública” - defendeu António Reis, Grão-Mestre do GOL - Grande Oriente Lusitano - Maçonaria Portuguesa, no decorrer no colóquio internacional sobre “O Contributo das Religiões para a Paz” que reuniu em Lisboa, nos dias 23 e 24 de Junho, destacados líderes e investigadores das religiões.

Esta afirmação/proposta de Antóno Reis, que lembrou também que há um fenómeno crescente de incultura e analfabetismo religioso, surgiu na sequência do debate durante o qual o cardeal-patriarca de Lisboa, que defende igualmente tal proposta, disse que há um longo caminho a fazer no sentido do conhecimento mútuo entre religiões.

Mário Soares, que preside à Comissão de Liberdade Religiosa (CLR), disse por sua vez que, “apesar de Portugal ser um país de maioria católica, há uma enorme ignorância dos portugueses em relação às questões religiosas, incluindo da própria religião católica”. Neste contexto, defendeu também que uma tal disciplina seria “um contributo importante para o multiculturalismo”.

Por isso, e de acordo com texto assinado no jornal “Público” por António Marujo, que aqui resumimos, a CLR “irá estudar o assunto e propor alguma decisão ao Governo, se os seus membros o entenderem”.

Entretanto, ainda antes de qualquer proposta ter sido enviada ao Ministério da Educação, um assessor da ministra Maria de Lurdes Rodrigues, citado pelo “Público”, adiantou que o ministério “considera a ideia interessante”.

APEDE - Formação em Avaliação

Texto que consta do site da APEDE http://apede.pt/joomlasite/

Por estes dias, as escolas andam a receber "propostas", mais ou menos
compulsivas, de acções de formação sobre avaliação. São acções
destinadas aos "avaliadores" (membros de conselhos executivos e das
comissões de avaliação e coordenadores de departamento) e a alguns
(poucos) "avaliados", estes últimos talvez destinados à triste função
de cobaias - por antecipação, pois todos nós iremos ser ser "testados"
neste sistema.

Não é difícil antever o que estas acções significam: um imenso
trabalho de doutrinação - ou de lavagem do cérebro - que visa
"evangelizar" o modelo de avaliação do desempenho que o Ministério
pretende impor, convertendo-o numa "boa nova" que os professores
deverão, depois, aplicar acriticamente. É mais um passo no esforço de
arrebanhamento com que a equipa ministerial procura "pacificar" o
próximo ano lectivo. Perante este quadro, a APEDE vem apelar a todos
os professores, e em particular aos que irão participar (à força) nas
referidas acções de formação, para que não descurem a atitude
vigilante e para que mantenham o olhar crítico face a esta nova onda
de propaganda. Contra a retórica com que os professores irão,
certamente, ser inundados, convém recordar alguns dados elementares:

1 - A avaliação do desempenho não é, nem nunca será, uma ciência
exacta (aliás, não é sequer uma ciência).

2 - A avaliação do desempenho, tal como aparece plasmada no Decreto
Regulamentar 2/2008 e nas famigeradas grelhas que o concretizam, está
fortemente investida, de alto a baixo, por opções ideológicas e
políticas que importa saber desmontar.

3 - A suposta "objectivação" do desempenho dos professores, através de
uma miríade absurda de micro-parâmetros "quantificáveis", pretende
apenas fazer-nos esquecer os factos enunciados nos dois pontos
anteriores.

4 - A ideologia dominante no modelo de avaliação perpetrado pelo
Ministério consiste em reduzir todas as práticas institucionais ao
"paradigma" economicista da "gestão dos recursos". Não é por acaso que
a "formação" no referido modelo está a ser ministrada, sobretudo, por
especialistas em gestão, e não por pedagogos ou por "cientistas da
educação".

5 - A ideologia acima citada julga ser possível avaliar uma prática
complexa como a do ensino mediante um esquema reducionista e atomista,
no qual essa prática é desdobrada em itens fragmentados,
descontextualizados e isolados entre si, aos quais se atribui depois
um valor numérico arbitrariamente definido.

6 - A ideologia "gestionária", importada de um universo empresarial
tendencialmente opressivo e totalitário, faz da compulsão a
hierarquizar os "recursos humanos" uma "necessidade" que se pretende
inquestionável.

7 - O modelo ministerial da avaliação dos professores adopta essa
compulsão, reforçando-lhe os mecanismos punitivos e disciplinares.
Trata-se, precisamente, de disciplinar os docentes, de os fazer vergar
perante a ameaça de diferenciações hierárquicas enquanto relações de
poder.

8 - Assim como a ideologia gestionária procura manter os
trabalhadores, reduzidos a "recursos" descartáveis, sob um regime de
vigilância e de controlo permanente, também o modelo ministerial de
avaliação do desempenho quer introduzir nas escolas um sistema de "big
brother" intrusivo, convertendo os "avaliadores" em inspectores e
capatazes ao serviço de um requisito de "transparência" das práticas
educativas.

9 - Nessa "transparência", toda a interacção pedagógica com os alunos
perde a dimensão de intimidade sem a qual dificilmente se constrói uma
relação de confiança com os mesmos.

10 - Os pontos atrás referidos colidem com uma escola onde a
construção e a transmissão do saber se faça de forma cooperativa e
participada, oposta ao regime de competição selvagem por um bem
escasso - as classificações mais elevadas -, regime típico de um mundo
mercantilizado que o modelo de avaliação quer impor aos professores e
às escolas.

Exames ou o choro desvalido dos comentadores

Exames ou o choro desvalido dos comentadores

No começo da regência do eng. Sócrates, logo na primeira reunião do directório ministerial da educação, Maria de Lurdes Rodrigues mostrou ao que vinha: tomar medidas economicistas para a tutela de acordo com o plano socrático de "mercearia" financeira para o controlo do défice, limitação do poder educacional dos docentes via novo Estatuto da Carreira Docente e restituir a "dignidade" estatística do sucesso escolar dos nossos educandos – para Europa ver – estimulando a quase "passagem administrativa" dos alunos. Tudo isso estava ligado e tinha de ser feito em conjunto. Durante a insigne reunião e nos tempos seguintes, não teve pejo em insultar e caluniar os docentes, as famílias, a comunidade educativa e alguns investigadores em história da educação. Tudo a bem da escola, dizia.

Poucos entenderam aonde tudo isso levava. A não ser os docentes, como excelentes profissionais que são, e alguns poucos investigadores (o poder atemoriza, sempre, tais vates) do ensino e educação em Portugal, poucos mais se podem orgulhar de ter levantado a voz contra o desastre que se avizinhava. Pelo contrário, muitos desses carpinteiros da educação, sempre em tom desconchavado, não só não entenderam criticar as medidas preconizadas como apoiaram a putativa luminosidade disso tudo. O "cantar de amigo" funciona sempre muito bem entre nós.

Com apoio do bloco central dos interesses – veja-se como engorda a privada à custa da destruição do ensino público, note-se quem são estão esses senhores e os amigos que os sustentam –, mais a tumultuosa horda liberal que declamou na ocasião sonetos lurdianos e outras frases de efeito mercantil e de uma mão-cheia de ressabiados da vida e da coisa pública que escrevinham nos jornais ou abancam no ISCTE (caso do anarquista reformado João Freire que veio à praça pública fazer o mise-en-scéne sociológico que nos habituou e outros que tricotam em blogues), a opinião pública e publicada embriagou-se de eduquês. As famílias, com o pai dos pais em notas de aplauso, adocicadas e sensibilizadas pelo espírito da dissertação de todos eles, aplaudiram.

E pouco importava se a subtil estratégia que Maria de Lurdes prosseguia e a gravidade que adquiria a hecatombe colocasse em causa a linha educacional pública do partido socialista. O desaforo volante do trio do ministério da educação foi tal, que alguns dos seus antigos gestores foram ignominiosamente insultados e arrastados para a lama pública, apodados, também, como culpados da péssima (de facto!) prestação do ensino e educação em Portugal.

A
estratégia seguida foi (é) de uma ingenuidade pasmosa. Primeiro avança-se com medidas avulsas, desgarradas (sem visão global) e a existir convulsões há que passar imediatamente para outra medida e assim sucessivamente. Criar factos políticos quando o alarido é exibido na comunicação social é, convenhamos, uma bravata pouco pedagógica mas, desde o que o prof. Marcelo entronizou tais episódios, poucos a não utilizam.

Assim, ao longo da lista de mazelas, chegamos agora ao debate curioso dos exames, da sua manifesta pouco qualidade e exigência, das suas consequências presentes e futuras. O tom, o azedume e a reprimenda da resposta de Lurdes Rodrigues aos castos comentadores e outrora adeptos do lindismo educacional da ministra, não se fizeram esperar. Habituem-se! Até porque, a partir de hoje (quarta-feira) e com a reunião do ministério com os conselhos executivos das escolas, novo facto político será declarado: a figura do director escolar. Suspeita-se que não há tempo mais para debates sobre os exames, que serão esquecidos, como tudo o resto anteriormente. A espuma, o choro e o letrismo dos ex-amigos da senhora ministra, obscenamente, mudará. O país e a educação não. A destruição é já total! E para ficar!


Posted by masson in o almocreve das petas - http://almocrevedaspetas.blogspot.com/

Nunca 30 000 foram tão poucos

Quem tivesse estado na manifestação dos professores, na Marcha da Indignação, começa a duvidar que lá tivessem estado 100 000. É que aqueles 100 000 ao pé dos 200 000 que no outro dia disseram que havia na manif da CGTP, passam a ser 300 000 ou coisa que o valha. Como não há-de haver quem facilite a vida aos miúdos na matemática para que se habituem a estas contagens sem as estranharem? Na manif de hoje, quem lá esteve diz que aquilo não eram mais do que 5 000, mas os números oficiais, os dos media que as pessoas ouvem, as que ouvem, voltaram a dizer que lá estavam 30 000!
Por que será que os media têm agora esta necessidade de fazer passar a mensagem que os trabalhadores estão na rua a manifestar-se em grande número pela CGTP? Este alinhamento, este sindicalismo instituído que cumpre agendas e calendários, e que só se agita quando ultrapassado pela massa, estrebucha de mansinho no seu canto de cisne. As forças por detrás dos media, congratulam-se com o facto e publicitam-no. A história da CGTP lhes agradecerá por terem registado que o movimento sindical não morreu sem luta e com o povo ainda a gritar na rua.
Conheço bem o programa de festas: contar as bandeiras, colocar em formatura, colocar um megafone na boca das Marias e vai disto avenida abaixo até ao discurso. Discurso. Palminhas acabou e alguém nos enganou. Hino, punhos no ar (cada vez menos), local para apanhar a camioneta de regresso a casa. Viagem de regresso já sem qualquer pressão na panela. Só cansaço. Pelo menos comeu-se qualquer coisa de borla com as senhas do sindicato. Esta gente há-de se cansar. Qualquer dia já ninguém mais virá.
Lembro-me dos tempos em que a Inter-sindical ia aos locais de trabalho organizar comités e convocava uma greve geral de trabalhadores se fosse preciso. Depois disso são inumeráveis as perdas dos direitos sofridas, as humilhações, o roubo escandaloso que fazem da força de trabalho, desvalorizando-a e exigindo que renda ainda mais, que os trabalhadores trabalhem mais horas, que produzam mais. Nenhuma greve geral. Para onde foi a ideia da greve geral? A UGT sempre pronta a negociar, não quer nada com greves, é um sindicalismo amarelo criado de propósito para tudo aceitar. A última unidade sindical de que há memória, foi a Plataforma Sindical dos Professores para forjar o acordo firmado pelo Memorando do Entendimento. Uma unidade sindical para tramar a classe levando-a apenas a adiar por uns meses o cumprimento das agendas e das directivas europeias convertidas nas políticas educativas do governo Sócrates, mais engenharias do que educativas,
cosmética que, caso venha a ser implementada irá comprometer o futuro da escola pública portuguesa e falsear completamente os dados do estado do Ensino.
Mas os sindicatos não são o que os dirigentes querem que eles sejam. Têm lá dentro pessoas, trabalhadores, gente que sofre na pele as consequências dessas políticas. Até quando vão aguentar tamanha afronta? Como vão entender que tanta força que tiveram nas ruas seja assim desperdiçada e que acabem sempre perdendo alguma coisa em cada vitória anunciada? Que força é essa que constantemente perde direitos?

Publicado por Kaotica

Nova legislação do ensino especial

"A nova legislação do ensino especial entra em vigor a partir de Setembro. O diploma da escola inclusiva pretende a passagem das crianças com necessidades educativas especiais para o ensino regular. (...)" (RV/Marta Velho, Tempos de mudança na escola portuguesa, 27-06-2008)
Estranho artigo mas não tenho tempo para analisar ... remeto a sua comparação para o parecer de Luís de Miranda Correia e não só :-):
Publicada por Moriae em A Sinistra Ministra a 6/27/2008

E assim se fazem as "cousas"...

O desafio é resistir sem desistir da luta!
  • MARGINAL, MARGINAL... É O MINISTÉRIO (Para a Sra Ministra, a violência nas escolas é "marginal")
  • A MARGINALIDADE DA SRA MINISTRA (Professora agredida: Inspecção e PGR acompanham)
  • PORTO: PROFESSORA AGREDIDA NO INTERIOR DE ESCOLA (Mais um caso grave de agressão a uma colega)
  • A OBSESSÃO DAS GRELHAS (Elas aí estão, definitivas, publicadas em Despacho n.º 16872/2008)
  • CALENDÁRIO LECTIVO PARA 2008-2009 (Qualquer dia iniciar-se-ão em Agosto!!! Directizes impostas à "autonomia" das escolas!!!!)
  • In http://mobilizacaoeunidadedosprofessores.blogspot.com/ (MUP - Mov imento para a Mobilização e Unidade dos Professores)

    Sobre o Acordo Ortográfico

    O pesadelo de Cassandra

    (Cláudio Moreno)

    Falávamos da nova ortografia; lembrei-me dos gregos. Eles acreditavam que os deuses haviam criado o homem para fugir ao tédio de sua vida infinita, pois lá de cima, do alto do Olimpo, eles observavam os mortais com o mesmo interesse e o mesmo deleite de uma criança diante da jaula dos macacos. Quando lhes dava na divina telha, distribuíam cá embaixo presentes e benesses; quando, no entanto, desaprovavam a conduta de alguém, condenavam o infeliz a castigos horríveis, porque absurdos. Sísifo é condenado a rolar, para sempre, uma pedra morro acima, sabendo - e aí bate o ponto! - que suas forças vão faltar um pouco antes de chegar ao topo; as Danaides vão carregar eternamente os seus cântaros com água, tentando encher um tonel que não tem o fundo; Ocno segue tecendo sua corda de junco, enquanto um asno obstinado vai devorando a outra ponta. São penas duríssimas, mas infernalmente criativas!

    A famigerada reforma, no entanto, me lembrou Cassandra, a filha de Príamo, o derradeiro rei de Tróia. Com o poder de persuasão que têm as mulheres bonitas, ela insinuou a Apolo, o deus dos oráculos, que ele a teria em seu leito se lhe concedesse o dom de profetizar o futuro – o que ele se apressou em fazer, com a afobação ingênua que domina as mentes masculinas numa hora como essa. Quando Cassandra, em vez dos beijos e carícias esperados, despediu-se com um simples "obrigado", o deus percebeu – mas que cena mais antiga! - que ela o tinha feito de bobo. Como não podia retirar-lhe o dom concedido, condenou-a, então, a um suplício terrivelmente original: embora ela pudesse prever os acontecimentos futuros, ninguém, absolutamente ninguém iria acreditar nela.

    Esse foi o seu inferno em vida. Ela podia ver que o horror se aproximava para tragar todos os seus, mas eles se mantinham indiferentes aos seus avisos Quando Páris, seu irmão, partiu em busca de Helena, Cassandra avisou que a estrangeira traria a ruína de Tróia - mas apenas riram dela e a trataram como louca. Quando os gregos fingiram ter desistido da guerra e deixaram, na planície deserta, o famoso cavalo de madeira, foi em vão que ela alertou os troianos para o perigo que representava levá-lo para dentro dos muros da cidade. Como num pesadelo, ela passava o tempo todo lutando inutilmente para que ouvissem os seus gritos de alerta - tortura ainda mais desesperadora porque ela sabia que este era um sonho no qual ela jamais iria acordar. Apolo estava vingado.

    Pois agora, lendo o que vem sendo publicado sobre a reforma ortográfica, acho que entendi todo o drama de Cassandra. Como num pesadelo, vejo brasileiros e portugueses falarem sobre ela com aquela mesma lógica absurda que preside os sonhos. É de enlouquecer! Alguns portugueses se queixam de que, com a reforma, o modo de escrever brasileiro vai prevalecer sobre o lusitano! Uns dizem que os possíveis incômodos são um preço pequeno para as vantagens que ela trará! Outros prevêem um maior poder político para nosso idioma, depois da "unificação"! - eu devo estar ficando louco! O Ministro da Cultura português, José António Pinto Ribeiro, defende as alterações para que possamos ter "uma política internacional comum para a língua" – o que quer que isso signifique! A presidenta da Câmara Brasileira do Livro, Rosely Boschini, acredita que o Acordo deve abrir fronteiras para as editoras nacionais no mercado africano, até agora submetido a Portugal! Carlos Alberto Ribeiro De Xavier (economista e ecólogo, apesar da partícula aristocrática de seu nome) é o funcionário do MEC que fala em nome de nosso governo; segundo ele, não procedem os boatos de que o Acordo acarretará a obsolescência dos livros já editados! - e eu devo estar delirando! O mesmo cidadão (gravem bem o seu nome!) sugere, ainda, talvez com um sorriso irônico, que os que se opõem à reforma talvez queiram perpetuar privilégios políticos... É de fazer bacalhau chorar em porta de venda!

    Mas do que estão falando todas essas vozes? Discutem as vantagens, ou as desvantagens, da unificação? Mas que unificação, tia Chica? Hoje, em Portugal, escreve-se assim: "Como noticiámos ontem, o facto mais pitoresco da semana foi o bebé raptado pela hospedeira da Air France. Depois da descolagem, a torre de controlo, avisada por telefonema anónimo, obrigou o piloto a fazer uma aterragem forçada". No Brasil, fica "Como noticiamos ontem, o fato mais pitoresco da semana foi o bebê raptado pela aeromoça da Air France. Depois da decolagem, a torre de controle, avisada por telefonema anônimo, obrigou o piloto a fazer uma aterrissagem forçada". E depois do Acordo, como fica? Pasmem, leitores, mas nada será alterado nessas duas versões - elas serão mantidas assim como estão, tintim por tintim. Ué, e a prometida unificação, onde está? Aguardem, que o assunto dá tanto pano para manga que vamos ter de continuar na próxima coluna.

    Zero Hora, Porto Alegre, 21 jun. 2008.

    Igualdade de oportunidades ou resultados estatísticos?

    "O sociólogo Manuel Sarmento, da Universidade do Minho, acusou ontem no Porto o actual Governo de abdicar de lutar por "uma política de igualdade de oportunidades na educação". Sarmento que integra a corrente "Opinião Socialista", criada por Manuel Alegre, participava no encontro Nova Esquerda e Educação: que Políticas?, que contou com a participação da deputada socialista Manuela de Melo. O Governo "abdicou da política da igualdade de oportunidades em nome" da melhoria dos resultados, disse Sarmento. "Entre este dois objectivos há uma diferença fundamental: podemos melhorar os resultados considerando, à esquerda, a necessidade prioritária de promover a igualdade de oportunidades ou podemos pensar em melhorar os resultados criando os instrumentos e os dispositivos necessários para que, estatisticamente, de uma forma global, se atinjam os objectivos."
    Para o sociólogo, o Governo tem apostado na segunda via, ao importar modelos empresariais "com incidência na organização das escolas e na regulação do sistema educativo, dos alunos e dos professores".

    Notícia da Lusa e do Público

    Provas de Aferição

    Repescando daqui,* sobre as provas de aferição em Matemática, a Associação Portuguesa de Matemática, presidida por Nuno Crato, considerou que os enunciados contêm um número exagerado de questões demasiado elementares. Mesmo com estas questões, os resultados têm sido maus.


    A este propósito, na entrevista da ministra da Educação, à SIC,( citada e transcrita aqui) no dia 18 de Junho, o entrevistador, citou aquele Nuno Crato, sobre exames de preparação, "ridiculamente simples"; citou a Associação Nacional Pais; citou Paulo Heytor Pinto, da Associação Nacional de Professores de Português, para reafirmar e perguntar à ministra da Educação, se aqueles exames não serão fáceis demais e apenas tendo o objectivo de alcançar bons resultados. O entrevistador enfatizou o facto de aqueles serem fontes credíveis.

    Resposta da ministra:

    Com certeza, são as fontes credíveis para si. Para mim, fonte credível é o Ministério da Educação e o instituto que promove a realização dos exames e que o faz com todo o rigor e com todas as exigências. É muito fácil…


    E não saiu dali, dessa profissão de fé, nos técnicos do GAVE e do Ministério da Educação, como entidades supremas, da aferição da qualidade em exames no ensino. Sem paralelo na sociedade civil e fruto de profunda competência e sabedoria infusa, nos compêndios publicados. Com os resultados que se conhecem...

    Reafirmou depois, sobre o seu particular critério de qualidade, os conhecimentos de estatística, assim:

    Que o nível de complexidade de uma prova tem técnicas para ser avaliada. Não é a sua opinião, a opinião dessas pessoas ou a minha. O que conta, um dos principais indicadores que se usa, usam-se técnicas estatísticas para avaliar o nível de complexidade e uma das medidas mais simples é a curva de distribuição dos resultados. E quando apenas 5% dos alunos conseguem completar a totalidade de uma prova com êxito, isso diz tudo - ou diz alguma coisa - sobre a complexidade de uma prova. Foi o que aconteceu com todas estas que estão a ser feitas. As provas são calibradas e ajustadas ao nível de exigência daquilo que é o programa. Não é o nível de exigência que o Sr tem na cabeça ou que algum desses peritos tem na cabeça. É o nível de exigência do programa e isso é que é feito. Com todo o rigor e com toda a exigência.


    Já sabíamos da especial apetência desta ministra para a estatística benevolente. Parece que aprendeu os segredos alquímicos da coisa, nos cursos do ISCTE, com doutoramento sumativo.


    O que espanta nisto tudo, é saber que Maria de Lurdes Rodrigues, terá sido professora do ensino primário, tirocinando curso de Magistério, no tempo em que este equivalia a uma boa licenciatura de Politécnico, com doutoramento summa cum laude e, mesmo assim, ter do ensino básico e secundário, uma ideia tão estatística que aflige.


    Por outro lado, sem espanto, verificamos o desprezo, perante opiniões que não provenham do viveiro da verdade oficial, do director do GAVE ou de outros alfobres.

    Ainda assim, a olímpica superioridade de um convencimento de que o ensino está a melhorar a olhos vistos, só por um embotado autismo se compreende.


    Neste caso, temos uma opinião de ministra. Científica e baseada em critérios estatísticos, sem ponta de empirismo. Pecha que, aliás, atira àqueles, como lama de incompetência para maledicentes profissionais.


    Nesta pequena entrevista, o que choca não é apenas a figura em si. É a verdadeira figuração que se adivinha e que é tomada a sério, com todo o peso de um Estado que se desacredita a olhos vistos.


    Não me lembro de nenhum ministro da Educação tão medíocre e tão perigoso.

    *dehttp://raivaescondida.wordpress.com/2008/06/20/uma-perola-de-entrevista/

    Em Luta por outra escola: Encontros Internacionais (Paris)

    Durante os encontros internacionais I-07, que tiveram lugar em Paris, em Maio de 2007, mais de sessenta pessoas e 15 organizações de 13 países puseram-se de acordo sobre as reívindicações seguintes:

    Reivindicações levadas a cabo ou a encetar nas nossas lutas sindicais:

    Melhoria das condições laborais: defesa e aumento de salários; luta contra a precariedade e em particular contra as condições específicas para os jóvens; fim a toda a repressaõ sindical e de criminalização dos movimentos sociais; defesa do direito de greve e de reunião para o desenvolvimento dos sindicatos autónomos.

    Reivindicações levadas a cabo ou a encetar nas lutas sociais:

    Melhoria das condições de vida, com a criação de alojamentos sociais; independência da educação, em particular, face à privatização e mercantilização do serviço público, desde a educação pré-escolar até à universidades; aumentar os recursos humanos e financeiros no sector social; lutar contra a discriminação das mulheres.

    Reivindicações levadas a cabo ou a levar nas lutas pedagógicas:

    Pareceu-nos necessário pensar nos seguintes pontos:
    - Que ensino precisamos para caminhar em direcção a uma educação emancipadora?
    - Que escola exigimos para que haja maior liberdade de ensino para professores e para alunos?

    No Encontro de Málaga, em Espanha, em Setembro de 2007, decidiu-se a constituição de uma rede sindical anticapitalista da educação que, no entanto, não mostrou ainda práticas reais. Os representantes das nossas organizações destacaram a sua vontade de tornar concretos estes laços de solidariedade, de maneira visível.

    Durante o Sexto Congresso da CNT-FTE (Federação da Educação da CNT) em
    Nancy, França, em Março de 2008, os 4 representantes das organizações presentes continuaram o trabalho para reforçar a solidariedade internacional ao nível da educação.

    Trata-se de:

    Jean Musa para LO do Congo : www.louvriere.org
    Per Lundin da SAC de Suécia : www.sac.se
    Davide Rossi da 'Sisa scuola' de Italia :www.sisascuola.it
    Maïlys Le Deun para la CNT-FTE de francia : www.cnt-f.org/fte

    Propostas/perspectivas:

    queremos propor o primeiro dia internacional de luta dos trabalhaores e estudantes da educação apra 4 de Abril de 2009. A ideia deste dia nasceu durante os encontros de I-07 e foi avançada de novo nos encontros de Málaga. O objectivo desse dia é que lutemos em cada país pela mesma escola de qualidade para todos e lançar uma solidariedade pela prática!
    Desejamos também reunir as diferentes lutas dos/as companheiros/as da educação em todo o mundo, para reforçar o sentimento de unidade que permita sentir-nos menos sós.
    Este dia terá conteúdos diferenes segundo as conjunturas sociais, sindicais e pedagógicas de cada organização.

    Serão preparadas as acções de informação e promoção desse dia, antes de realizar a iniciativa.

    O secretariado internacional da FTE criará uma página Internet internacional que terá o nome da data desse dia internacional (09-04-04.org) para trocar informações sobre as nossas lutas sociais, sindicais e pedagógicas em que possam estar interessadas as nossas organizaçãos
    Esta será também um meio para preparar a jornada internacional de 4 de abril.

    Por fim, os representantes realçam, nas suas discussões, a necessidade de regularidade na participação internacional das organizações. Pensamos que uma participação financeira pode permitiri uma implicação mais forte dos diferentes grupos. Para tal, a CNT-FTE decidiu contribuir economicamente com uma participação financeira mensal a um fundo de solidariedade internacional e esperamos que as outras organizações possam fazer isso também. Este fundo pode ajudar as organizações participanbtes nas suas lutas mas também pode ajudar ao lançamento de projectos internacionais que reforcem a união dos trabalhadores e estudantes.

    6/23/08, Luta Social <acinterpro@gmail.com>

    Escolas ameaçadas de fecho em Inglaterra

    Almost one in five secondary schools in England have been given a "no excuses" warning to improve their GCSE exam results or face closure.

    Artigo completo em: http://news.bbc.co.uk/2/hi/uk_news/education/7444822.stm

    (recebido por mail)

    Encontro Temático – Educação Especial

    [http://sitio.dgidc.min-edu.pt/PressReleases/Paginas/EncontroTematico%E2%80%93EducacaoEspecial.aspx]

    Programa – Notas Curriculares dos Conferencistas – Resumo das Comunicações

    Foto 1 - Foto 2 - Foto 3 - Foto 4

    Comunicações:

    Escola inclusiva e a educação especial – Luís Capucha, Director-Geral da DGIDC

    Indicadores para o desenvolvimento da educação inclusiva na Europa – Mary Kyriazopoulou e Harald Weber, European Agency for the Development in Special Needs Education

    As Organizações e os novos (?!) desafios da educação especial - Rogério Cação, CODEM

    A CIF – CJ e os direitos das crianças: Uma linguagem comum para a educação especial - Rune Simeonsson, Professor e Investigador, Universidades North Carolina e Jonkoping

    A utilização da CIF-CJ nos Sistemas Educativos: A experiência Suíça - Judith Hollenweger, Investigadora, Departament of Research and Development, School of Education, Zurich University of Apllied Sciences

    A formação dos profissionais para a utilização da CIF-CJ - Manuela Ferreira, Professora e Investigadora, Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto

    A CIF–CJ na articulação entre serviços - Filomena Sousa, Professora de Educação Especial, EB 2, 3 de Maceira

    A CIF-CJ no processo de avaliação de crianças com Necessidades Educativas especiais: A experiência do CPCB - Teresa Gaia, Médica Fisiatra, Centro de Paralisia Cerebral de Beja

    A aplicação da CIF-CJ no processo de inclusão de crianças com necessidades educativas especiais: Uma experiência Italiana - Gianni De Polo, Médico especializado em Neuropsiquiatra e Medicina Física e de Reabilitação, "E. Medea" Scientific Institute Conegliano Research Centre

    A CIF como quadro orientador da concepção e operacionalização das políticas no domínio das deficiências e incapacidades - Jerónimo de Sousa, Director do Centro de Reabilitação Profissional

    O trabalho da Agência Europeia - Cor Meijer, European Agency for the Development in Special Needs Education

    Direcção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular (DGIDC) Termos de Utilização | Partnertec 11-06-2008 Educação Especial
    AcessibilidadePOSCUE/FEDER

    Nota
    - Este post foi um copy/paste puro daqui

    Têm os professores uma ética profissional?

    O puzzle de políticas educativas que está para ser posto em práticas pelas escolas a partir de Setembro visa entre outras coisas a criação de grupos de poder e a destruição das equipas educativas (tendo o ECD como ponto de partida). O próximo ano deverá ser de luta ou de consentimento? Os professores estão colocados frente a um dilema: cumprem ordens (ainda que lhes pareçam sinistras) ou desobedecem-lhes alegando a sua ética profissional? Alguém aí me sabe informar onde encontrar informações sobre a caracterização dessa ética? Têm os professores uma ética profissional a defender e a cumprir?

    Espero que com a derrota da selecção não fiquemos todos a pensar que fica para a próxima!

    Paula Montez
    --------------------------------------------------
    Quadro de ética dos professores da Tasmania:
    http://www.trb.tas.gov.au/TRB%20Code%20of%20Professional%20Ethics.pdf

    --------------------------------------------------

    A esse propósito há um livro - A deontologia das profissões da educação, de Reis Monteiro - que aborda os códigos de ética de vários países e que vale a pena consultar.
    Aqui segue a página de Reis Monteiro - julgo até que seria muito útil desafiar o autor para uma conferência/debate sobre esse tema tão oportuno.

    http://www.a-reismonteiro.net/

    ----------------------------------------------------------------

    A Lurdes Silva, que interveio no Encontro em Defesa da Escola Pública, em Algés, apresentou em 2004 uma comunicação, no nosso Centro de Estudos de Literatura & Literacia, sobre ética profissional. Creio que ela poderia ajudar-nos no esclarecimento pedido pela Paula Montez. Deve ter bibliografia actualizada.