terça-feira, julho 01, 2008

Comentário ao Post anterior (Comunicado da APEE da EBI de Miraflores)

Comentário extraído daqui

Maria Lisboa disse...

Sim! É o mesmo que esteve em Queijas e que durante muitos anos foi delegado sindical na zona. Na última reunião sindical que teve na minha escola (não é a de Queijas) e que coincidiu com a greve sectorial ocorrida na altura dos exames perguntei que raio de delegado era aquele que não tinha tido uma única intervenção favorável aos professores, tendo sido eu a dar todas as informações relevantes para não só sobre a acção de luta que decorria, como também sobre os problemas que estavam na mesa - vim a saber que tinha sido cooptado para a DREL!!! As NEE devem ter sido o que lhe arranjaram para fazer... o que até nem lhe fica mal.


Quanto à Presidente (...) da Associação de EE da EBI de Miraflores - (que tb não é a minha escola), só tenho que lhe reconhecer e agradecer a militância que tem tido na luta por uma escola pública de qualidade e pela dignificação da profissão docente, o que mais uma vez demonstra com esta tomada de posição.


Já agora, a CMO e a empresa que coordenam as AEC do Concelho têm proposto às escolas a flexibilização dos horários do 1º, ciclo para sua comodidade, argumentando que não conseguem ter um corpo de professores operacionais se as horas de AEC se mantiverem apenas na faixa das 15 às 17 horas. Já no ano passado tentaram esta manobra e na minha escola o CP opôs-se. Este ano, voltaram a tentar, abordando, em primeiro lugar os profs do 1º ciclo, que perante a pressão acabaram por concordar. Mais uma vez me opus, em reunião de CP, mas a decisão já estava tomada. Sei que esta flexibilização tem acontecido noutros locais ao longo do país, e isto quer isto dizer, que as tais actividades que se pretendiam de complemento, que se pretendiam de ocupação de um tempo que permitisse aos alunos ficarem no espaço escolar no fim das actividades lectivas para que os pais pudessem estar mais descansados e organizar a sua vida profissional com a dos filhos, passou a ser a actividade que condiciona os tempos escolares dos alunos. A actividade lectiva está a ser remetida para 2º plano, passando a ser exercida nos intervalos das AEC, remetendo o terminus da actividade curricular, que deveriam constituir actividade principal, para o final do dia, quando as crianças estão mais cansadas e cujos tempos deveriam ser dedicados ao brincar que tanta falta lhes faz!

Já nem falo da brincadeira espontânea, da brincadeira normal de uma criança e que tão útil é ao seu desenvolvimento a todos os níveis, brincadeira essa que tem vindo a desaparecer. É de tal modo o controle que é feito da vida da criança que esta já nem brincar sabe! Se estiverem atentos, no jardim, na praia, em qualquer lado, ouve-se os pais dizerem aos filhos "vão brincar"... e a resposta surge prontamente "a quê, pai?". Alguma vez perguntaram isso? Alguma vez os vossos filhos vos fizeram semelhante pergunta?

A incapacidade de organização dos seus próprios tempos é cada vez maior. A implicação desta incapacidade em todos os níveis da vida exprime-se numa infantilização cada vez maior da criança/jovem, num decrescer da auto-estima, numa diminuição da capacidade de responsabilização pessoal, numa cada vez menor autonomia. Tudo isto se reflecte na capacidade de aprender e de gerir a aprendizagem. Tudo isto se reflecte na incapacidade de reacção aos estímulos e na consequente resposta social que pretendemos (pelo menos, nós os professores) desenvolver nos nossos futuros (actuais jovens)cidadãos adultos.

É com enorme pesar que vejo um futuro negro para este país, no qual alguns beneficiados, porque com pais estimulantes e com condições de proporcionar essa estimulação, serão os "senhores do mundo" vs "os mandados" (para não dizer escravos).

1 de Julho de 2008

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