sexta-feira, março 14, 2008

Debate CDEP (Univ. Sénior, Palácio Ribamar, Algés 15/Março, 15h).

Cara(o)s colegas,
Como sabem, além do Movimento Civico em Defesa da Escola Pública (Leiria), também o Movimento Escola Pública (de Lisboa) nos comunicou não estar disponível para fazer a reunião prevista para sábado.
Contudo, como já tínhamos feito outros contactos e havia uma sala disponibilizada em Algés, a CDEP decidiu não cancelar a reunião de trabalho de sábado.




Debate

Organizado pela Comissão de Defesa da Escola Pública (CDEP) e outros grupos ou movimentos que lutam pela defesa da Escola Pública

dia 15 de Março, a partir das 15h

Sala da Universidade Sénior, no Palácio Ribamar

(por baixo da Biblioteca Municipal de Algés)


Para reflectir sobre um conjunto de questões, nomeadamente:


1) Como ajudar a dar seguimento ao formidável movimento que os professores desenvolveram e que culminou na manifestação nacional de 8 de Março, em Lisboa?

2) Como podemos contribuir para a Defesa da Escola Pública e dos intervenientes no processo educativo?

3) Que iniciativas tomar?


Trata-se de uma reunião aberta a todos quantos pretendem

defender a Escola Pública. Participe.


2 comentários:

LEIA SILAS Literatura Contemporânea disse...

Artigo/Opinião:

Educação Pública é Coisa Séria

Enquanto você vê em todos os estados a atuação brilhante, ampla, total, irrestrita e determinada do Ministério Público, com quase todos os governos sofrendo o crivo de ações investigativas com rigor e transparência, podemos dizer que, em São Paulo, por exemplo, falta uma área do Ministério Público afeta aos Direitos Humanos dos Professores Públicos. Para começar, em São Paulo o Educador ganha menos trinta por cento do que o professor do Piauí, e ninguém faz nada, ninguém crítica ou investiga. Suspeito. Caso de se denunciar à ONU? Para piorar, amigos da escola não são necessariamente amigos da escola, quando não mesmo são amigos do alheio na escola, por assim dizer, muitas das ONGs tendo como membros ex-secretários da educação e afins que, quando no governo nada fizeram, pioraram ou até quase faliram a educação pública, e agora, na rede privada, suspeitamente ganham dinheiro palpitando e oferecendo régios préstimos que precisam ser investigados. Estranho. E ninguém age em favor de uma transparência pública na área. Depois, por incrível que possa parecer e, considerando que a Educação Pública é coisa séria, pacotes suspeitos e regiamente pagos (só para grupos privados) são impostos para a escola pública de cima pra baixo (sem qualquer noção da clientela real ou da realidade docente), de forma pouco ou quase nada ético-democrático, sacrificando sobremaneira a equipe técnico-administrativa das escolas (já desafasadas nesse sentido; sem aparato de estrutura funcional), como se cada decisão de gabinete com ar refrigerado (a vida na escola é outra coisa) fosse um doloroso “passa-moleque” no professor que, por incrível que pareça, com curso superior e com um puxado concurso avaliatório muito mais difícil do que para delegado, por exemplo, ganha menos do que um policial com mero ensino médio. Aliás, São Paulo é o único estado em que professor ganha menos do que policial. Já pensou? Pois é. O Professor qualificado, testado e efetivado, tem que trabalhar em duas escolas ou mais, fazer bico (pra recompor o salário) de vendedor a camelô-sacoleiro em trânsito, enquanto, aqui e ali, nalguma propaganda enganosa de certo governo mais pro neoliberal do que para o ético-humanitário, tudo é uma beleza, parece que estamos em Genebra, na Suíça. E ninguém faz nada, ninguém fala nada. Quem tem medo da Escola Pública? Todo mundo de gabarito e vencedor teve um professor pela frente um dia, para ser o que é. Mas, quando o governo federal sabiamente aventa alta verba para a escola pública, sanguessugas e vampiros da Educação se mobilizam e querem fatias do bolo, parcela da grana, muitos deles que já estiveram no poder e não resolveram nada. Como querem ter moral para fundarem ONGs de becos e se meterem a analistas, pesquisadores, teóricos de ocasião, donos da verdade? Nas escolas faltam funcionários, falta suporte operacional, o professor tem que se virar para passar conteúdos mesmo quando uma ou outra sala periférica mais parece uma micro-febem; idéias estranhas são impostas de cima pra baixo, o professor é sempre surpreendido com coisas esdrúxulas ou mal feitas, sem nunca ser consultado quando deveria ser, quando ele é melhor do que o problema; autoridades passam, boas ou más, o servidor concursado, efetivo, sofredor, estudando ainda, fica com o peso do problema, o ônus da situação sócio-cultural, quando na realidade não se vê lucros, ou saca montagens de mudanças que na verdade não mudam nada, são apenas vernizes, aparências que enganam e depois, eventualmente ainda servem para paradoxais horários políticos eleitorais. Quando é que, realmente, de verdade, alguma mudança de peso democrático vai ocorrer na escola pública, pois eu sou do tempo em que professor ganhava o mesmo que um juiz, e hoje, professor tem que se matar para sobreviver e ainda agüentar a parte tendenciosa da mídia que, na verdade, quer cada vez mais privatarias do que humanismo de resultados. Será que as instituições sérias, de renome, que defendem a escola pública, têm que denunciar em foro internacional o salário constrangedor e degradante dos professores de São Paulo? Alguém já pensou em fazer uma reportagem investigativa da vida das Diretoras das Escolas de São Paulo, do que elas se matam para ganhar menos do que um motorista de ônibus de São Paulo?. Ser diretora de escola pública é a prova inconteste e cabal da própria violação dos direitos humanos de uma profissional que carrega um problemão nas costas, e ninguém faz nada, ninguém dá suporte efetivo de funcionabilidade, quando não empresas privadas a guisa de investir (e glosar o imposto de renda?) atuam nas escolas e querem o que não podem e legalmente não deveria sob uma ótica ético-legal. A verdade dói. Escola Pública é coisa séria. Bônus, pacotes, infiltrações de amigos do alheio no meio não compactuam com o ideário dos Professores realmente comprometidos com uma educação de qualidade. Ou mudam as falsas mudanças, ou a escola pública não vai ser mudada como realmente precisa ser e deveria ser. Quem é que vai pagar por isso?
-0-
Silas Correa Leite, Especialista em Educação, Jornalista Comunitário, Escritor premiado, autor de Campo de Trigo Com Corvos, Contos, Editora Design-SC, Prêmio Ligia Fagundes Telles Para Professor Escritor, CRE-Centro de Referência em Educação Mário Covas
E-mail: poesilas@terra.com.br – Blogue: www.portas-lapsos.zip.net – Site: www.itarare.com.br/silas.htm

Carlos Sério disse...

Vivemos numa democracia cada vez mais medíocre e limitada.
Depois da manifestação dos professores contra as medidas do ministério da Educação que colocou na rua mais de dois terços desta classe profissional, a insistência nas propostas da ministra, e a confiança que Sócrates nela reitera, revelam a natureza autoritária e antidemocrática de Sócrates e do seu governo e a pobreza e a má qualidade da nossa triste democracia.
Compreende-se contudo, a insistência, o não recuo, deste projecto educativo que, a todo o custo, o governo quer implantar. Trata-se na verdade de uma “mudança” na Educação, como Portugal não via desde que se “democratizou”, e que Sócrates não se cansa de repetir sempre que é entrevistado. Uma triste, uma lamentável “mudança”, mas segura e inequivocamente uma profunda mudança. A mudança da Escola Pública, solidária, humanista, universalista, plural, critica, emancipadora, comprometida com a realidade social que a rodeia, para uma Escola de Mercado, pseudo democrática, pseudo moderna, que procura impor uma visão da educação como se de uma mercadoria se tratasse, esvaziada de conteúdo social, tecnicista, desumanizada, onde os problemas sociais, económicos, políticos e culturais da educação se convertem em problemas administrativos, técnicos, de reengenharia. Um “novo projecto educativo” que utiliza a Educação como veículo, com o papel estratégico de transmissão das ideias que proclamam as excelências do livre mercado.
Onde a acção do Estado se reduz a garantir, apenas, uma educação básica geral e o extremo individualismo nele exaltado se manifesta contrário às políticas democráticas de participação e compromisso com a realidade social.

Trata-se na verdade de uma profunda contra-revolução cultural e educativa, uma profunda reforma ideológica da sociedade.

Ao mesmo tempo que se desvalorizam e humilham os serviços prestados pelo estado na sua função social, os serviços do sector público, a escola pública, os professores são acusados de preguiçosos e de lutarem por interesses meramente corporativos.
O que irrita e preocupa verdadeiramente os nossos governantes é que os professores assumem um papel de intelectuais transformadores, tratam os seus estudantes como agentes críticos, questionam a produção e a distribuição do conhecimento, utilizam o diálogo, e tornam o conhecimento crítico e emancipador.

Os professores tornam-se perigosos porque estão intimamente ligados à produção, fornecendo aos estudantes técnicas, conhecimentos, atitudes e qualidades pessoais que são expressas e utilizadas no processo produtiva empresarial. Os professores são os guardiães da qualidade da força de trabalho. Esta potencial, este poder latente que têm os professores é a razão porque os governantes tanto se preocupam com o seu papel.
É que o “novo projecto educativo ” neoliberal exige que seja assegurado que as escolas produzam trabalhadores eficientes, submissos, ideologicamente doutrinados e adeptos do livre mercado.

Neste sentido, a Educação, torna-se no sector público mais fundamental e indispensável à concretização da reforma ideológica da sociedade, da reforma cultural da sociedade, da implantação do projecto social do neoliberalismo. Por esta razão não haverá recuos nem mudanças de ministros. O sector público da Saúde não atinge minimamente a importância que à Educação é exigida na implantação e consolidação do modelo social neoliberal.