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Aí está! Não a bem da educação, do ensino, da formação do futuro
cidadão interventor! E esse é o problema... o país é uma entidade de
costas largas em nome da qual se têm feita politicamente os maiores
disparates. E, normalmente, quando se vem com a história do "a bem do
país" está-se, simplesmente, a tentar remediar asneiras que políticos
fizeram, querendo deixar nome em DR com as mais absurdas "pseudo-
reformas", nunca pensadas, nunca apropriadas às questões em causa,
nunca para o bem dos cidadãos mas sempre para o bem de um país de que
eles são os únicos "accionistas". E para o bem do país copiam-se
reformas de países como a Inglaterra e outras "terras", reformas essas
que não tendo dado resultados já foram postas de lado nesses países.
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Sim. A Educação não vai bem.
Não há resultados!
Todos o sabemos e todos temos consciência disso.
Ninguém quer que fique como está.
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A Educação (falando dela como de um bolo, um todo) tem inúmeras
variáveis de contexto, funciona como um puzzle. O problema é que este
ME anda a colocar enfeites numa série de peças do puzzle, sem qualquer
fundamentação, sem qualquer estudo que suporte as suas "reformas" e
não toca na principal.
Partiram de estatísticas sobre insucesso e abandono, divulgadas a
nível da Europa, mas não tentaram, nestes 3 anos, saber quais as suas
causas, quais os problemas que levavam à sua existência. Chegaram
insultando e denegrindo os professores, contribuindo ainda mais para
que algumas causas desses resultados crescessem. Quiseram, apenas,
através do que iniciaram, justificar a redução de professores, a
sobrecarga de trabalho, as medidas que nos impuseram para castigar os
calões, englobando nesta categoria todos os professores. Não
analisaram condições de trabalho, não fizeram investigação de
problemas. Fundamentaram-se nos resultados e no ouvir dizer. Nivelaram
por baixo todo o trabalho existente nas escolas. Atribuíram-nos
privilégios. Atribuíram-nos mordomias. Fizeram crer à opinião pública
e aos ALUNOS e seus PAIS que os professores são um bando de
malfeitores, ricos, sem escrúpulos, sem apresentar trabalho. Tiraram-
nos toda a dignidade e todas as armas que pudéssemos usar nas escolas
para pedir trabalho aos alunos. Não contentes com isso, dizem
taxativamente aos alunos que não necessitam de ir à escola - haverá
uma prova de recuperação! Como é que uma prova recupera?! Dizem aos
alunos que os resultados deles não são culpa da sua falta de trabalho,
mas sim da falta de trabalho dos professores! Onde fica a autoridade
do professor para os obrigar a trabalhar?!
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Ainda não satisfeitos, apesar de todos os relatórios da IGE, inventam
a figura de um Director, inventam que não deixamos entrar os pais nas
escolas e que portanto têm que ser estes e as "forças vivas da terra"
a mandar para pôr os professores nos eixos!
Cumulativamente inventam um processo de avaliação diabólico, em que se
passa o ano a preencher fichas e mais fichas para implementar, sem
qualquer experiência, com prazos e normas absurdas, tudo isso a meio
dum ano lectivo, indo coincidir com a parte mais importante da vida
das escolas - a aferição de resultados dos alunos.
Continuam, num ME que se pressupõe da educação, a não perceber que não
trabalhamos "ao ano civil", mas sim de acordo com um calendário
próprio que se chama ano lectivo. Continua, este ME a não perceber que
não é pondo rendas nas peças do puzzle que envolve a peça principal
chamada "ensino e consequente aprendizagem" que se vai lá.
Continua, este ME, a não perceber que não é uma questão de
envolvimento, mas sim uma questão do que se ensina e de que exigências
fazer, o problema principal. Ainda ontem, VL acusava AB de ter
contribuído para a implementação da baixa sucessiva de resultados.
Quer isto dizer que ele sabe exactamente qual é o problema da
educação. No entanto não querem mexer-lhe porque ele próprio é um
defensor das mesmas pedagogias e da mesma forma de estar relativamente
às aprendizagens. Basta ver a sua proposta de um ensino básico
"prolongado na vida" e a infantilização cada vez mais acentuada que
isso vai provocar nos nossos jovens/adolescentes.
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Continuam a suceder-se reformazinhas a toda a volta da peça principal.
Continua a sair legislação, diariamente: leis, decretos-leis, decretos
regulamentares, despachos, circulares, memorandos, explicações de
articulados que por não saberem escrever (culpa dos professores, de
certeza!) podem ter diversas interpretações, power points que servem
de legislação, e depois segue-se outra catadupa de documentos das mais
variadas "etnias" legislativas que revogam o anterior, que alteram
parte de um outro, que regulamentam aqueloutro, que explicam o que não
souberam dizer. Não há escola nem professor que resista a toda esta
diarreia legislativa, a este tsunami de leis! E tudo isto sem ter em
conta os relatórios que vão produzindo ou as opiniões dos diversos
suportes de aconselhamento que eles próprios instituem. E tudo isto
sem mexer no cerne da questão: que cidadão se quer formar, que valores
e que conhecimentos deve adquirir na escola, que expectativas para a
vida activa se lhe deve propiciar.
Para isto diz-se aos alunos que não vale a pena estudar, no ciclo
normal de estudos, porque quando deixarem de ter a idade de frequência
obrigatória poderão "adquirir" um diploma em 2 ou 3 meses ainda por
cima com "brinde" - um computador a preço da chuva.
Continua a ter-se um ensino para formar "dótôres", coisa que muitos
dos nossos alunos não querem ser (grande parte do insucesso vem daqui)
e depois inventam-se CEF e outros quejandos, em vez de se instituir,
nas escolas, cursos de formação de raiz, para dar oportunidade, a quem
quer ser um "especialista" em qualquer arte/ofício, a ter,
simultaneamente, acesso a uma formação e à aquisição de uma cultura
básica. E como o ensino assim não funciona, nivela-se por baixo,
fazendo com que, quer os que querem ser doutores, quer os que querem
ser profissionais de "qualquer coisa", tenham um número reduzido de
aprendizagens e caminhem para o insucesso por falta de interesse, por
falta de exigência (não nossa... mas sim institucional), por falta de
oportunidades.
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Portanto não me falem de reformas, não me falem de castigos para os
professores, não me falem da necessidade de intervenção de pais e
forças vivas, não me falem de passagens para as autarquias (que como
já vimos não cumpriram enquanto detentoras do domínio do pré-escolar e
do 1º ciclo e ainda menos das AEC), não me falem de avaliações como
medida de promoção do mérito, não me falem de cursos de formação (dos
vários tipos) e de novas oportunidades. Falem-me, sim, do objectivo da
escola, do que queremos que ela "produza". Dêem-me o direito a ter
autoridade para exigir o cumprimento de normas e de aprendizagens.
Depois disto peçam-me satisfações. Até lá metam a mão na consciência e
reconheçam os erros dos sucessivos ME e não acusem os professores, em
praça pública, apenas com o fito de arrecadarem 30 dinheiros para
poderem pagar a "especialistas em não se sabe o quê" compilações em
legislação educativa, ao preço mensal do custo de um campo de jogos
(que a minha escola não tem), de um laboratório, ou mesmo de uma sala
de convívio que faça com que os alunos sintam a escola como sua, e
para os quais dizem não haver verbas para dispender, apesar da "srª
ME" dizer que o problema do seu ministério não é dinheiro!
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Quanto à nossa avaliação de desempenho, vou só referir o problema
último e mais grave deste "quiproquó" (explicá-lo-ei noutro post). A
avaliação entre pares é muito bonita, diz a "srª"! Pois é! Só que a
"srª" não explica a ninguém que avaliadores, avaliadores/avaliados e
só-avaliados são decisores e simultaneamente candidatos às MESMAS
CLASSIFICAÇÕES, às MESMAS QUOTAS de notações que dão benefícios para
progressão na carreira. Nas reuniões de decisão quanto às
classificações só não estarão os só-avaliados. E isto é maquiavélico!
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Sim! A escola não está nada bem!
Mas não são operações de lifting, nem maquilhagens que vão mudar os
resultados. Podem mudar as estatísticas, mas não alteram os
resultados!
Publicado por Maria Lisboa em http://professorsemquadro
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