Secretário-geral dos TSD vai estar na manifestação, mas não em representação do PSD
Manifestação de professores: Ana Benavente pondera ir, Louçã será o único líder presente
Publico última hora
04.03.2008 - 23h00 Margarida Gomes, São José Almeida, Sofia Branco
A militante e dirigente socialista Ana Benavente ainda não sabe se irá à manifestação de professores convocada para o próximo sábado, em Lisboa, que se destina a protestar contra a política da educação do actual Governo. “À manifestação em Lisboa só irei se houver um grupo descomprometido com a Fenprof ou de professores socialistas”, disse ao PÚBLICO a ex-secretária de Estado da Educação dos governos socialistas de António Guterres.
Por sua vez, Manuel Alegre, o candidato a secretário-geral que disputou a liderança com José Sócrates e que ficou em segundo lugar nas eleições para Presidente da República, declarou ao PÚBLICO que não irá a nenhuma manifestação. “A nenhuma. Não vou a nenhuma, nem a uma nem a outra”, afirmou, peremptório.
A outra a que Alegre se refere é ao comício de apoio ao PS marcado para o sábado seguinte ao da manifestação de professores, no Porto. “Ao comício do PS não vou. Nem sequer às Novas Fronteiras tenho ido, não faz sentido ir ao comício”, afirmou Ana Benavente, lançando um desafio à actual direcção socialista: “Onde eu iria era a um debate no interior do PS sobre a escola pública e as actuais políticas educativas.”
A socialista Teresa Portugal também não irá, “por opção, face à minha posição de deputada”. “Isso não impede, estando ou não estando, de fazer críticas ao que está a acontecer. Vejo com muita preocupação que não haja nenhum sinal no sentido do diálogo, mas de um braço-de-ferro, numa área em que as situações de conflitualidade têm consequências imprevisíveis. Não vale a pena assobiar para o ar, a situação deve ser encarada de frente. É a primeira vez que o país está suspenso de uma situação de conflitualidade com estas características e esta dimensão”, realçou. E sobre o comício de apoio ao PS, disse: “Soube pelos jornais. Ainda nem sequer pensei nisso, não é coisa que me preocupe muito.”
O líder do PSD, Luís Filipe Menezes, deu o seu apoio expresso ao protesto dos professores, mas não estará presente na manifestação que considera "legítima" e "um grande protesto de repúdio às políticas educativas". Aliás, durante todo esse dia estará, juntamente com o líder parlamentar, Pedro Santana Lopes, na reunião do Conselho nacional do partido, que decorre na Maia.
Contactados pelo PÚBLICO, a eurodeputada Ana Gomes, e os deputados Victor Ramalho e João Soares adiantaram que não vão poder participar no comício do Porto. O ex-homem-forte do PS, Jorge Coelho, ainda não sabe se pode estar presente. “Neste momento não faço ideia se posso ir”. Quanto à manifestação dos professores, sublinha que “apesar de ser professor, a sua vida já não está virada para manifestação”.
Já Arménio Santos, secretário-geral dos Trabalhadores Sociais-Democratas, vai juntar-se ao protesto. “Não vou em representação do partido, mas como responsável pela estrutura laboral, onde estão integrados muitos dirigentes sindicais”, referiu ao PÚBLICO. “Vou estar ao lado de uma causa absolutamente justa. Os professores têm sido muito maltratados na sua dignidade profissional. O Governo tem sido muito infeliz e arrogante na abordagem aos problemas da educação”, acrescentou. Emídio Guerreiro poderá ser o único deputado social-democrata a acompanhar Arménio Santos.
O coordenador nacional do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, será o único líder partidário a estar presente na manifestação – aliás, já foi o único a comparecer no protesto de 5 de Outubro de 2006. Será acompanhado por mais alguns membros da Comissão política do partido, em grande parte composta por professores.
Sem dizer directamente se estará ou não presente na manifestação, Jerónimo de Sousa adiantou que já tem a agenda preenchida para o fim-de-semana: estará no Porto e no Seixal. Mas apelou aos “professores comunistas” para que se juntem à manifestação de “protesto e indignação” marcada para sábado, sublinhando que “a sua presença é mais valiosa do que a do secretário-geral ou de uma delegação de dirigentes do partido”. Questionado pelo PÚBLICO, o líder parlamentar comunista, Bernardino Soares, escusou-se a dizer se iria ou não estar presente.
Quem vai
Francisco Louçã (BE)
Outros dirigentes da Comissão política do Bloco de Esquerda, em grande parte composta por professores
Arménio Santos, secretário-geral dos Trabalhadores Sociais-Democratas
Quem não sabe ainda
Ana Benavente (PS)
Emídio Guerreiro (PSD)
Quem não vai mas critica
Manuel Alegre (PS)
Teresa Portugal (PS)
Luís Filipe Menezes (PSD)
Paulo Portas (CDS-PP)
Jerónimo de Sousa (PCP)
Associação de Português e de Matemática de fora
Conselho de avaliação com vozes críticas
04.03.2008 - 23h00 Isabel Leiria
Electrotecnia, Biologia e Geologia, Inglês, História e Educação de Infância. São estas as cinco associações pedagógicas escolhidas pela presidente do Conselho Científico de Avaliação dos Professores (CCAP) para estarem representadas neste órgão consultivo, que tem a missão de implementar e monitorizar um processo que está em curso desde Janeiro.
De fora ficaram duas das mais representativas dos vários grupos de docência. A de Português que, segundo o seu presidente, Paulo Feytor Pinto, não recebeu qualquer convite; e a de Matemática (APM), que sempre se manifestou contra o sistema de avaliação aprovado. “Foi proposta uma reunião conjunta com todas as associações e a presidente do CCAP mas não se realizou. Não foram as associações a manifestarem-se sobre quem devia lá estar”, critica Rita Bastos, presidente da APM.
Dentro do Conselho há também vozes críticas, como Ludgero Leote, representante da Associação Nacional de Professores de Electrotecnia e Electrónica, um grupo que conta com pouco mais de mil docentes. Leote foi um dos convidados do penúltimo programa da RTP 1 Prós e Contras e manifestou-se muito crítico em relação ao modelo de avaliação. “Mantenho tudo o que disse sobre o modo como o processo foi desenvolvido e pôs as escolas de pantanas”, diz. Professor há mais de 30 anos, acredita que poderá contribuir com a sua experiência. Mas sem certezas. “Quando o processo está inquinado é difícil fazer prognósticos.”
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