segunda-feira, março 10, 2008

Proposta para discussão

Luis Filipe Torgal questiona:

«Quando estará este Ministério da Educação disponível para reflectir
e debater com os professores as questões de fundo e disfunções da
escola pública (currículos, programas, práticas pedagógicas, a obscena
burocracia em que as escolas soçobraram, qualidade e caminhos do
ensino profissional, obviamente, processos de formação e avaliação de
professores, etc.)?»

Quando Maria Lisboa exclama:

«Portanto não me falem de reformas, não me falem de castigos para os
professores, não me falem da necessidade de intervenção de pais e
forças vivas, não me falem de passagens para as autarquias (que como
já vimos não cumpriram enquanto detentoras do domínio do pré-escolar
e do 1º ciclo e ainda menos das AEC), não me falem de avaliações como
medida de promoção do mérito, não me falem de cursos de formação (dos
vários tipos) e de novas oportunidades. Falem-me, sim, do objectivo
da escola, do que queremos que ela "produza". »


Paulo Guinote denuncia a campanha mediática anti-profs:

«Constato factos e explico-os à luz de um certo e determinado perfil
que deve ser indispensável para ter sucesso no mundo da direcção dos
jornais que, como sabemos, é um universo indispensável da democracia,
mas que ao que parece - com as devidas excepções - anda com os seus
problemas comerciais e uma pessoa interroga-se sobre o porquê de
pessoas de tanto sucesso não conseguirem demonstrá-lo na sua prática
profissional. »

Eu verifico que está bem esclarecida entre nós a essência da questão:

Augusto Santos Silva involuntariamente deu a deixa (pois disse, em tom
de desprezo, que nós não sabíamos distinguir «os democratas» -referia-
se a ele e aos seus acólitos- do Salazar).

Há um enorme défice democrático neste país!!!

O poder é sempre tendencialmente totalitário. Se há uma maioria
absoluta, ela tende a exercer o poder de modo absoluto.

A única alternativa, a meu ver, é nos auto-organizarmos ao nível de...

- escola (e/ou agrupamento):
com um núcleo local em defesa da escola pública englobando
docentes ,funcionários não-docentes, encarregados de educação e alunos

- local (ou concelhio): reunindo as escolas e indivíduos para
coordenarem as acções ao nível local, distrital (ou regional):
federando as várias instâncias locais.

- nacional: organizando encontros periódicos para dar visiblidade mas,
sobretudo, para enraizar o hábito de se debater com vista a obter
consensos que depois se devem traduzir em acções no terreno.

Antes de mais é um desafio pedagógico de cidadania.

Eis a minha proposta para discussão (pode ser considerada uma achega
para Leiria, dia 15)

Manuel Baptista

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