Porque ninguém deve faltar amanhã à Manifestação Nacional dos Professores
Um pouco de história (ou um simples exercício de memória…)
Como todos se recordam, a autodenominada "Plataforma Sindical Docente" após a grande manifestação do Dia Mundial do Professor (que foi o “canto do cisne” na luta contra o “ECD do ME”), desaparece pura e simplesmente, quer no planos mediáticos quer orgânicos, entrando em catalepsia (morte aparente).
Nas escolas e no terreno ficavam os mesmos de sempre, os activistas e os quadros sindicais mais combativos e coerentes, lutando de mangas arregaçadas não só contra o ECD do ME mas contra toda a catadupa legislação anti-educativa que quase diariamente emanava da 5 de Outubro, encharcando literalmente as escolas.
A 1ª ressureição da "Plataforma" (qual Lázaro)
Os Professores e a população em geral só voltam a ouvir falar da Plataforma Sindical no início do ano de 2008, quando o mesmo movimento associativo espontâneo dos Professores começa a dar sinais claros de inconformismo e de resistência e revolta, agora contra a implementação do modelo de avaliação do ME (mas nao só) nas escolas.
Assim, a dita plataforma, para não ficar atrás, é de novo "estrategicamente" ressuscitada (pela 2ª vez) pelos seus heterogéneos dirigentes - e dizemos heterogéneos dirigentes com toda a propriedade, nos planos ideológicos e político-sindicais) quando o movimento espontâneo e associativo começou a reunir professores, primeiro nas escolas, depois a fazê-los a sair para a rua, no início em plenários de recinto fechado e mais tarde em concentrações de rua, descentralizadas e de grande dimensão.
A "estratégia" desta multicolorida miríade de dirigentes da plataforma é reveladora das suas ulteriores e inconfessadas intenções: começa com a convocação de protestos regionais paralelos, sob a sua égide, procurando assim desarmar e controlar o movimento. Depois a triste "novela" está ainda bem fresca na memória de todos conhecida: após a Marcha da Indignação (a dos 30 mil) a opção negocial a todo o preço e os seus paladinos "plataformianos" toma o comando dos acontecimentos, faz o seu triste percurso e desagua no tão minimalista como envergonhado "Memorando de Entendimento" (logo baptizado pelos Professores de "memorando do nosso descontentamento"), assinado às pressas com o sinistro terceto da 5 de Outubro.
Acordo que bem mais cedo do que os seus mentores previram, logo a partir de 31 de Agosto, começa a dar os seus frutos podres, culminando, nestes curtos 3 meses do 1º período, no completo caos e bloqueio das escolas públicas portuguesas do ensino não-superior.
Apesar dos sinais já evidentes do que estava para vir, ainda no final do 3º período, o Conselho Nacional da FENPROF aprova um extenso quanto vácuo Plano de Acção Reivindicativa, documento que quanto a formas de luta dignas desse nome pouco ou nada contém.
A 2ª ressureição da "Plataforma"
Entretanto, o mal-estar e a asfixia que a implementação do modelo de gestão, a partir de Janeiro de 2008, começa a gerar nas escolas, produz as primeiras movimentações espontâneas de docentes. As reuniões de escola e inter-escolas começam a realizar-se e logo extravasam para as ruas, primeiro em concentrações locais.
A necessidade duma grande acção de rua a nível nacional impõe-se e, em conformidade, 2 movimentos de professores (APEDE e MUP) decidem a 11 de Outubro entregar no Governo Civil de Lisboa a convocatória para uma Manifestação Nacional de Professores a realizar dia 15 de Novembro (amanhã) com objectivos abrangentes, claros e definidos. Este é o momento do “toque a rebate”, para a nova ressuscitação do “cadáver-andante” que é a plataforma: o objectivo é só um tentar descredibilizar e esvaziar esta iniciativa nacional.
Como a “bola de neve” já ia imparável, a única solução que encontram é jogar em “efeito de antecipação” e convocar “à matroca” uma manifestação, antes do movimento lhe escapar definitivamente das mãos. E fazem-no a 8 de Outubro, manifestação com uma adesão maciça que espantou os próprios promotores.
Nos dias imediatamente a seguir ao seu “rescaldo” e, após as repugnantes e provocatórias declarações e atitudes da equipa do ME, o movimento espontâneo e associativo dos Professores não se contem e alerta contra o perigo da desmobilização e pela necessidade imperiosa da Classe sair de novo à rua. Mais tarde em Plenários Distritais, convocados por activistas, com ou sem sindicato, movimentos e blogues de educação, os docentes, em participação maciça, propõem a continuação e o agravamento das formas de luta, caso exemplar do Plenário Distrital de Braga que agenda greve por tempo indeterminado até à demissão da tripla Lurdes Rodrigues, Valter e Pedreira..
É neste contexto que 1 (um!) dia antes da realização da Manifestação Nacional de 15 de Novembro, o Secretariado Nacional da FENPROF (SN) emite um comunicado, cujos últimos quatro parágrafos representam um grosseiro exercício de mistificação com o mesmo intuito de sempre: atemorizar e desmobilizar os professores.
O SN da FENPROF mistifica a verdade quando lança o estafado anátema de “divisão” sobre a Manifestação Nacional de amanhã, quando foi ele (SN) que marcou uma 2ª manifestação com a 1ª já marcada, convocada e comunicada nos termos legais.
Falta à verdade quando afirma que a Manifestação de amanhã resulta da “teimosia” e da “agressividade anti-sindical” que “nada acrescentará” como até “provocará erosão da mobilização” (!), quando sabe perfeitamente que “os sindicatos somos todos nós” - especialmente os activistas e quadros que nunca regatearam esforços conta as políticas anti-educativas, em mais de uma década de denodada e combativa acção sindical diária.
É por tudo isto que amanhã os Professores Portugueses, sindicalizados e não sindicalizados, saberão dar cabalmente uma resposta histórica não só ao Ministério da Educação de Lurdes Rodrigues e suas políticas anti-educativas e anti-nacionais, um novo alento à Classe e um aviso claro a quem, de forma mais ou menos subtil, tenta manter o movimento docente à rédea curta.
Paulo Ambrósio
- sócio Nº 55177 do SPGL/ FENPROF
- ex-membro da Comissão de Professores Contratados do SPGL/FENPROF
- ex-delegado sindical da Escola EB2,3 Galopim de Carvalho
- ex-Delegado da Comissão Sindical dos Desempregados do SPGL/ FENPROF
- delegado aos VIII e IX Congresso Nacional da FENPROF
- sub-coordenador da Frente de Professores Desempregados do SPGL/ FENPROF
- membro do grupo de Trabalho da Precariedade e Desemprego Docente da FENPROF
- moderador global do fórum www.saladosprofessores.com
sábado, novembro 15, 2008
Paulo Ambrósio: «Porque ninguém deve faltar amanhã à Manifestação Nacional dos Professores»
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