Novo Programa de Português, para o Ensino Básico
O Governo prepara-se para publicar um novo programa da disciplina de Português para o Ensino Básico.
A sua discussão pública terminou no passado dia 26 de Fevereiro, com a divulgação na página Web da Direcção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular e no portal do Governo, com duas designações: programas de Português e programas de Língua Portuguesa. No entanto, não se conhece que o texto – enquanto projecto – tenha sido objecto da atenção, do conhecimento e da discussão dos professores do Ensino Básico responsáveis por ter que o pôr em prática.
Elementos da CDEP, que tiveram oportunidade de participar num debate sobre esta temática tão importante para a formação das jovens gerações, ficaram a saber que o novo programa dá maior relevância ao ensino da Gramática – em detrimento da leitura e da escrita – desde o primeiro ciclo do Ensino Básico, e propondo a leitura de vários tipos de textos, incluindo adaptações para filmes e séries de televisão de obras de literatura infantil.
Neste contexto, em termos práticos o grande penalizado é o texto literário – bem cultural imprescindível para pensar, sentir e falar a nossa língua de forma correcta, enquanto instrumento privilegiado para uma formação ética e estética, no quadro dos valores humanistas que perfilhamos.
No Parecer elaborado pelo Centro de Estudos e Recursos de Literatura e Literacia Eça de Queiroz (www.leituras.net), que a CDEP subscreve, é afirmado: “A extensão desmedida dos conteúdos prescritos e as metodologias que a concepção destes programas supõe exigiriam um alargamento significativo da carga horária atribuída à disciplina de Língua Portuguesa”.
Ora isto não se verifica: Os alunos do 2º e 3º ciclos do Ensino Básico têm, por semana, dois tempos de noventa minutos cada.
Daí o Parecer tirar a conclusão: “Os limites estabelecidos foram ignorados, destinando-se esse ónus a quem tiver de pôr (esses programas) em prática” e deixar algumas interrogações, nomeadamente:
“Como irão reagir os professores a este intrincado discurso programático e à perspectiva que propõe para o ensino da língua?
E os alunos? Como vão os professores interessá-los e fazer-lhes ver os benefícios deste aparelho conceptual e verbal?
Será possível encontrarem tempo e gosto para ler, escrever e aprender uma gramática desejavelmente reconhecida útil e com sentido?
Como despertar neles «a afeição privada pela língua» em que irão pensar, sentir, falar e escrever?”
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