Educação
Melhor escola pública vota suspensão da avaliação
Por Margarida Davim
A esmagadora maioria dos professores da Escola Secundária Infanta D. Maria, em Coimbra, aprovou terça-feira uma moção para manter a suspensão da avaliação do desempenho dos docentes. A escola presidida por Rosário Gama entende as alterações introduzidas para simplificação do processo são «meramente conjunturais»
Apesar de o presidente da República ter promulgado a simplificação do processo de avaliação dos professores, a Escola Secundária Infanta D. Maria, em Coimbra, mantém a decisão de suspender o processo.
Numa moção aprovada apenas com um voto contra e quatro abstenções, os professores da melhor escola pública do país declaram que não vão pôr em prática o modelo de avaliação defendido por Maria de Lurdes Rodrigues, por entenderem que este «não tem cariz formativo e não promove a melhoria das práticas, centrado que está na seriação dos professores para efeitos de gestão de carreira».
Para os docentes da escola presidida pela socialista Rosário Gama, as alterações introduzidas pela ministra e promulgadas por Cavaco Silva – que incluem a simplificação das fichas, a possibilidade de recusar a observação das aulas e de exigir ser avaliado por um docente da mesma área científico-pedagógica – são «pontuais» e «mantêm o essencial do modelo».
«Outras alterações como as que têm a ver com as classificações dos alunos e abandono escolar, são meramente conjunturais, tendo sido afirmado que esses aspectos seriam posteriormente retomados para efeitos de avaliação», lê-se no documento a que o SOL teve acesso e que critica também o facto de o processo de avaliação se basear no Estatuto da Carreira Docente «que promove a divisão artificial da carreira em categorias e que a esmagadora maioria dos docentes contesta».
Rosário Gama, presidente do Conselho Executivo da Escola D. Maria, tem sido um dos rostos da oposição às políticas de Maria de Lurdes Rodrigues, tendo participado no Fórum das Esquerdas, em Dezembro, ao lado de Manuel Alegre.
Contactado pelo SOL, o gabinete de Maria de Lurdes Rodrigues recusa comentar esta tomada de posição da escola pública melhor classificada nos rankings.
«Sobre avaliação, o Ministério da Educação não diz mais nada. Agora, trata-se apenas de fazer a avaliação», disse fonte oficial.
Recorde-se que o Diário de Notícias noticiou, esta semana, que o Ministério pretende avançar com processos disciplinares contra os professores que se recusarem a avaliar ou a ser avaliados.
No entanto, o gabinete da ministra tem reafirmado que «a penalização mais efectiva [para quem não for abrangido pela avaliação] é a perda de dois anos na progressão na carreira».
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