Texto de Mário Machaqueiro da direcção da APEDE a propósito dum texto de Francisco Santos e que foi publicado nesta lista e noutros locais. Segue-se o texto de Mário Machaqueiro e de seguida para todas as pessoas desta lista terem bem presente o que está em causa segue-se o texto de Francisco Santos.
F.T.
Francisco Santos,
Tenho apelado a todas as pessoas da direcção da APEDE que resistam à tentação de responder às tuas provocações ou que, caso o façam, respondam com elevação, como o Ricardo Silva tem feito. Agora eu próprio te vou responder, porque franqueaste uma certa fronteira e isso não pode ficar sem resposta.
Todos nós conhecemos as tuas divergências com a APEDE, depois de teres feito parte dela. As divergências políticas discutem-se politicamente, e quando os argumentos se situam nesse nível há um mínimo de entendimento possível. Esse é um diálogo que eu estou disposto a travar. O problema é que, em relação a nós (e em relação a mim particularmente), tu nunca foste capaz de expressar os teus desacordos sem os embrulhar na fulanização, no argumento “ad hominem”. Pode ser que tal surta efeito junto de algumas pessoas, e pode ser que seja essa a tua intenção. Mas eu não quero fazer-te processos de intenção. Deixo isso contigo, pois, pelos vistos, essa é a tua especialidade. Quero apenas limitar-me aos factos. E é um facto inegável que não consegues referir-te às posições da APEDE sem imediatamente passares ao ataque pessoal. Poderia explicar-te que, dessa forma, perdes toda a razão que até poderias ter nos teus argumentos. Mas, infelizmente, não creio que sejas sensível a este ponto de vista. Começaste, realmente, por recorrer aos processos de intenção sempre que te referias às iniciativas ou às posições da APEDE, com frases do género «o que eles querem é protagonismo». Como se uma certa tomada de posição tivesse de estar fatalmente ligada a segundas e perversas intenções. É uma falácia trivial e mal intencionada (para além de falsa, como tu muito bem sabes), mas relativamente inofensiva. Recentemente, no entanto, conseguiste descer mais um degrau para um patamar particularmente nauseante, que é o de tentares lançar lama sobre a honradez das pessoas ligadas à APEDE e, em particular, sobre a minha integridade moral, recorrendo a insinuações torpes que vais polvilhando pelo teu blogue e em caixas de comentários de outros blogues. E, com isso, entraste num terreno francamente inqualificável. Ao qual eu até nem sei como responder, pois não consigo operar em semelhante lodaçal. Sabes bem toda a extensão das distorções e das falsidades que andas a espalhar relativamente à minha condição de coordenador de departamento, baseadas, aliás, em várias conversas que tive contigo quando julgava estar a falar com uma pessoa de bem. Sabes bem como é difícil a situação dos coordenadores/avaliadores que tentam, apesar de tudo, resistir dentro das escolas. Sabes que essa situação não se resolve com demissões. E sabes bem que a minha postura não tem sido a que tu andas por aí a descrever. Ao recorreres a juízos de carácter que sabes serem falsos, não estás, na verdade, a falar sobre mim. Mas, em contrapartida, estás a dizer muito sobre ti próprio.
Entretanto, interrogo-me acerca do motivo de tanta raiva da tua parte. Ela seria compreensível se nós, na APEDE, te tivéssemos tratado mal, se tivéssemos sido manifesta ou gravemente incorrectos para contigo. O que aconteceu, pelo contrário, é que te acolhemos no momento da fundação da nossa organização, que nos sentámos à mesa contigo imaginando que estávamos ao lado de um companheiro, que conviveste connosco por vários meses, que te considerámos um elemento importante e válido, e que, no momento que precedeu a tua ruptura, procurámos uma reaproximação. Foste tu que te decidiste afastar, por divergências profundas, é certo, mas onde não havia qualquer motivo para ressabiamentos pessoais. Perante isto, seria natural manifestares as razões das tuas discordâncias, mas sem o recurso àquilo que só posso classificar como golpes baixos. É algo que, na minha maneira de funcionar, não consigo encaixar.
Sei que estas minhas palavras não vão ter, em ti, qualquer efeito nem provocar um sobressalto de consciência. Pelo contrário. Antevejo o sorriso de gozo com que as irás ler, ao mesmo tempo que preparas os novos insultos que despejarás sobre mim, umas vezes nomeando-me, outras vezes deixando no ar uma vaga insinuação. Não posso dizer mais do que aquilo que disse. E prevejo que não possa esperar um gesto de elevação da tua parte.
Diplomacia, bom senso e humildade q.b. é o mais necessário
Depois do exercício de promoção completamente descabido, que constituiu a convocação da “assembleia geral de professores” nas Caldas da Raínha, para o passado sábado;
Depois do exercício de auto-contentamento, que se traduziu em antecipar o agendamento de uma manifestação nacional, esperando que as direcções sindicais fossem a reboque de quem nem coragem tem para lhes disputar o poder, em sede de eleições no interior das respectivas organizações;
Depois de ficar claro que a Plataforma Sindical vai marcar uma manifestação para data anterior à manifestação da apede e do mup, segundo declarações prestadas po Mário Nogueira ainda hoje;
Resta deixar um apelo para que as pessoas que, no espaço de dez meses, não foram capazes de cumprir as pequenas tarefas a que se tinham comprometido:
- Escrever uma carta-tipo que possa ser assinada por qualquer pessoa, professor e não só, sendo que todos os signatários se encarregarão de a enviar aos principais órgãos de soberania, aos órgãos de comunicação com maior projecção e, claro está, ao Ministério da Educação;
- Escrever uma carta aos encarregados de educação, a ser distribuída por intermédio dos presidentes das associações de pais das diferentes escolas, esclarecendo os motivos do descontentamento dos professores, salientando o impacto das actuais políticas educativas na degradação da qualidade do ensino, e deixando claro que a formação das crianças e dos jovens deste país necessita de uma classe docente motivada, socialmente reconhecida e com condições para exercer o seu trabalho de forma condigna;
- Articular os professores de diferentes escolas de uma mesma zona ou agrupamento, de modo a promover núcleos de acção transversais a vários estabelecimentos de ensino;
- Usar, como forma de resistência no interior das escolas, todos os mecanismos de questionamento relativos ao processo de avaliação do desempenho;
tenham agora o bom senso e a humildade de perceber que o discurso anti-sindical apenas serve para dividir os professores, porque em última instância replica a estratégia ministerial de Maria de Lurdes Rodrigues, Jorge Pedreira e Valter Lemos que, desde que tomaram posse, não se cansam de afirmar que os sindicatos não representam os professores.
Da parte da Plataforma Sindical espera-se que haja a capacidade negocial e o sentido diplomático que permita estender a mão a estes “jovens turcos”, convidando-os a juntarem-se à manifestação que vier a ser marcada pelos sindicatos, permitindo-lhes “salvar a face” antes de voltarem para o galho de que nunca deviam ter saído, para brincar com a banana a que têm direito.
Esperemos que ainda vão a tempo.
Quanto a mim, franco-atirador e eterno descontente, estarei presente sempre que o inimigo a abater for o ministério e as políticas públicas erradas que destroem a escola pública. Porque contra outros professores, mesmo que dirigentes sindicais, recusar-me-ei a marchar. Sempre!
Um comentário:
Lamento dizer, mas o título escolhido para esta "espécie" de notícia parece-me pouco sério. E passo a explicar:
Nunca, em qualquer dos textos que escrevi no meu blogue ou noutros blogues, nomeei qualquer dirigente de qualquer movimento.
Todas as críticas que fiz (e continuo a fazer) são dirigidas às decisões (ou falta delas) dos órgãos que dirigem a Apede.
Nessa medida não troco galhardetes com nenhuma pessoa, nem sequer respondo aos processos de intenções com que sou brindado.
De resto, neste texto limito-me a tentar repor a verdade quanto ao conceito de "troca de mimos", porque em relação ao resto não respondo porque não quero.
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