“Uma escola, um autocarro”
15 Nov. 2009, Av. da Liberdade, Lisboa
Eu vou… por mim e pela minha dignidade profissional!
No dia 15 de Novembro, eu vou estar na Avenida da Liberdade (pelo simbolismo de quem se sente acorrentado a grelhas, fichas, evidências, planos e outras enormidades), em Lisboa, protegido pelo direito de manifestação que a Constituição (artigo 45º)* me confere e em nome da minha consciência e dignidade profissionais, pelo que desta vez represento-me a mim próprio e não alieno a minha vontade a intérpretes, generais ou negociadores de nenhum tipo. Até porque não há nada para negociar com esta equipa ministerial. Nesta fase, o tempo é, tão-só, de rejeição e eu rejeito, incondicionalmente, a divisão arbitrária dos professores e este modelo de avaliação. Ponto final!
Para que a iniciativa traduza a dimensão e a intensidade do nosso repúdio, basta que, em cada escola/agrupamento, alguns professores mais voluntariosos organizem as inscrições/pagamentos e aluguem um autocarro.
É minha percepção que esta manifestação só terá sucesso se puder ser lida por cada professor, sindicalizado ou não sindicalizado, como a “sua” inalienável oportunidade de dizer que não aceita este modelo de avaliação. Por conseguinte, esta não deve ser a manifestação de nenhum sindicato, pois muitos professores não adeririam, mas também não deve ser a manifestação de nenhum movimento ou associação à procura de protagonismo ou carta de alforria, porque afastaria os colegas identificados com os sindicatos. Esta deve ser a manifestação de todos e de cada um dos educadores e professores portugueses, sem mais!
Por outro lado, só quem se encontra distanciado e dessensibilizado relativamente ao quotidiano das escolas e à constatação do desencanto de uns (que os leva a anteciparem a sua reforma, fortemente penalizados, após décadas de dedicação à escola) e do actual agastamento de quase todos os outros, pode defender tomadas de posição para mais tarde. Eu e os colegas com quem me relaciono recusamos ser cobaias de qualquer estratégia política ou pessoal delineada à custa dos professores, pelo que não vamos esperar pelo esgotamento físico e psíquico de alguns, pelas injustiças e o caos nas escolas, pela inimizade que possa emergir entre outros, para mostrarmos a nossa indignação. É um imperativo de respeito, de humanidade e de dedicação à escola!
Sobre este governo, esta equipa ministerial, seus apaniguados e seus cúmplices (aplausos, silêncios, colagens, dicas subliminares de desmobilização do tipo “não vai resultar”…), apenas me ocorre o seguinte: nenhum governo de nenhuma sociedade evoluída e civilizada hostiliza os seus professores.
Como a manifestação não esgota outras formas de oposição a esta política educativa persecutória da nossa dignidade profissional, cada professor e cada escola saberão enveredar pelas formas de resistência mais eficazes. A este propósito, participo na divulgação das mais corajosas e coloco em anexo os documentos que as consubstanciam.
Abraço,
O. V. G.
* Para que a manifestação esteja a coberto da lei, basta que três professores comuniquem o evento ao Governo Civil de Lisboa. A logística relativa aos melhores acessos e circulação, parece-me uma competência das autoridades. De resto, não precisamos de mais nada. Espero, em nome do sucesso da manifestação, que ninguém se ponha em bicos de pés ou exorbite a sua mera representatividade pessoal. Caso contrário, temo pelo surgimento de divisões.
domingo, outubro 19, 2008
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