A teoria de Bordier que baseando-se na ideia de que nas sociedades dotadas de uma cultura erudita, as escolas, como instituições especialmente organizadas, transmitem esquemas linguísticos e de pensamento como programas homogéneos de percepção e acção que reflectem esta cultura, explica como a escola constitui o factor fundamental do consenso cultural nos termos de uma participação de um senso comum, entendido como condição da comunicação.
O autor assume que a integração cultural (lógica) da escola, tem o sentido principal de “programar” os indivíduos e que estes programas homogéneos de percepção, de pensamento e de acção, são o produto mais especifico dos sistemas de ensino, a partir do qual estabelece uma relação essencial entre estes últimos e os sistemas de pensamento.
Bordieu faz abordagens diversas, argumentando também numa perspectiva histórica, como o sistema de ensino escolar tornou e torna verdadeiramente compreensíveis os esquemas de pensamento de uma época, consagrando-os como hábitos de pensamento comuns a uma geração.
Embora não assume a escola como origem e geradora absoluta da cultura, proclama sua função modificadora do conteúdo e do espírito da cultura por ela transmitida, visando especialmente transformar o legado colectivo em um inconsciente individual e comum.
Althusser, também da perspectiva teórica reprodutivista, quem definiu a escola como o aparelho ideológico, por excelência, do estado, na sociedade capitalista. Em relação com o anterior, expressamos nossa concordância com tais apreciações, salientando que a escola nunca foi e de fato também não é hoje uma instituição despolitizada. O pressuposto de como a participação numa cultura comum, considerada pelo autor como cultura erudita, constitui um dos fundamentos da cumplicidade profunda que une os membros das classes dominantes, ressaltando assim a cultura como o instrumento por excelência da integração da elite. Alias, salientando que todo ato de transmissão cultural implica necessariamente na afirmação do valor da cultura transmitida e, consequentemente, na desvalorização implícita ou explícita das outras culturas possíveis.
Tais apreciações servem de base para destacar as diferenças de classe e a segregação social, como características do sistema de ensino escolarizado, que não cumpre apenas a função de consagrar a distinção das classes cultivadas, senão que transmite uma cultura que separa, mediante diferenças sistemáticas, aqueles que possuem uma cultura erudita, fornecida pela escola, dos que apenas tiveram acesso á aprendizagem através das obrigações de um oficio ou através dos contactos sociais com seus semelhantes.
Pensar numa escola potencialmente inovadora e capaz de oferecer oportunidades iguais a todos aqueles que nelas ingressam é compreende que o papel do professor é o dos estimulador e orientador de aprendizagem cuja iniciativa principal caberia aos próprios alunos. Tal aprendizagem seria uma decorrência espontânea do ambiente estimulante e da relação viva que se estabeleceria entre os alunos e entre estes e o professor, de modo que esta educação dê substância concreta a essa bandeira de luta evitando que a escola seja apropriada e articulada com os interesses dominantes.
É preciso planejar essa escola democrática, é preciso que entendamos o papel de cada um de nós dentro deste processo de construção de uma escola que realmente reflicta a mudança na sociedade que queremos.
Um abraço fraterno
Cláudia Girelli
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