segunda-feira, maio 19, 2008

O facilitismo sai mais em conta

No poupar é que está o ganho!


Como não conseguiu que os professores fossem avaliados pelos resultados dos alunos este ano, a Ministra da (des)Educação tem dado várias entrevistas, pressionando os professores a não "chumbarem" os alunos, com os argumentos de que estes não aprendem mais se repetirem o mesmo ano e de que as retenções ficam muito caras ao Estado.

Acredito que aqueles alunos que não querem aprender, dificilmente aprendam alguma coisa, mesmo que repitam, mas também tenho a certeza de que dizer que os professores não devem reprovar os alunos levará a que mais alunos não queiram aprender e digam que não vale a pena estudar, pois a grande ministra lhes oferece a aprovação, como a Universidade Independente "ofereceu" a licenciatura a algumas pessoas. Para continuar a ganhar eleições, é necessário que a maioria do povo não saiba pensar e se garanta aos eleitores a progressão escolar dos seus filhos!

Também acredito que a curto prazo é muito mais económico passar os alunos. É uma boa teoria: a Ministra da Saúde de igual modo dirá que se devem fechar os hospitais e que não se devem curar os doentes, pois fica muito dispendioso, e o Ministro da Justiça também pode soltar os detidos, porque é muito caro mantê-los na prisão. Se o Parlamento fechasse e os deputados fossem para casa, então ainda se pouparia mais! As eleições também custam dinheiro, se acabássemos com elas, pouparíamos uma fortuna! Vamos poupar muito dinheiro para a Senhora Ministra poder gastar nos assessores que corrigem as leis que vão chegando diariamente às escolas sem qualquer aplicação prática.

Isto não é facilitismo, é economicismo! Como é que ainda ninguém tinha tido estas ideias!? O Prémio Nobel da Economia este ano já tem dona!

Para quê ter trabalho a definir competências, a planificar conteúdos, a definir critérios de avaliação, a elaborar e a corrigir testes? Não é necessário que os alunos aprendam, porque ensinar custa dinheiro. Colocam-se os alunos fechados nas escolas o dia todo, em turmas enormes, para não gastar dinheiro em salas nem em professores. O talento do docente para entreter será suficiente de modo mantê-los minimamente interessados, visto que desenvolver competências deixou de ser necessário por ser dispendioso!

A partir do próximo ano, quando os professores forem crucificados se os seus alunos não obtiverem sucesso, a Senhora Ministra já não terá necessidade de andar a apregoar que aluno matriculado é aluno passado, mesmo que falte, pois os docentes fecharão os olhos e obedecerão à lei, afogando a sua consciência em anti-depressivos.

A longo prazo, não saberemos quem pagará a factura, pois a culpa morrerá sempre solteira…

salvarescola@gmail.com

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