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O célebre método das 96 condutas é uma peça que ajuda
a compreender os malefícios do modelo de avaliação de
desempenho imposto pelo decreto regulamentar 2/2008. O
método está ser divulgado numa acção de formação para
PCEs e coordenadores de departamento e custa 200
euros. A acção de formação "oferecida" pelo INA está a
ter uma aceitação grande entre os PCEs e coordenadores
de departamentos. Apesar de custar 200 euros, a
procura foi tão grande que algumas ofertas esgotaram.
De entre algumas pérolas, eu destacaria 6 condutas:
"o professor cria ferramentas de controlo da sua
actividade e dos outros".
"O professor inova com ideias jamais testadas em
alguam lado" (esta, além de perigosa é
louca!-sublinhado meu).
"O professor cria e implementa processos claros e
reconhecidos pelos alunos para facilitar a sua
disponibilidade e apoio aos mesmos".
"O professor disponibiliza-se para actividades que
ultrapassem as suas obrigações horárias e
profissionais" (Esta é inacreditável! E por que não o
professor disponibilizar-se para adoptar um aluno
violento e levar para casa os alunos cujos pais
trabalham de noite?).
"O professor não gera mau ambiente no local de
trabalho" (um professor que questiona e que reage aos
atropelos e ilegalidades provoca mau ambiente?).
"É receptivo à mudança" (mesmo que sejam mudanças
tolas ou para pior?).
É bem possível que esta lista de 96 condutas seja
apropriada para fazer a avaliação de desempenho nas
empresas que vendem bens materiais e serviços. O que
eu sei é que é inadequada para fazer avaliação de
desempenho de profissionais que trabalham em escolas,
ou seja, em instituições que produzem bens espirituais
(conhecimento). Estou certo de que o formador procura
fazer o melhor que lhe é possível e é um profissional
com credenciais em avaliação na área empresarial. O
problema central não está nem no formador nem nesta
acção de formação: está no decreto regulamentar
2/2008, que impõe um modelo de avaliação de
professores que é próprio das organizações que vendem
bens materiais e não das escolas. O cerne do problema
está na política de educação seguida pelo Governo, uma
política empresarial para as escolas, e na legislação
aprovada, em particular o ECD, que desfigura a
profissão docente e pretende fazer dos professores
funcionários sem autonomia profissional e sujeitos a
uma avaliação comportamentalista, segmentada e
burocrática, de todo incompatível com as verdadeiras
funções do professor.
Para saber mais sobre este assunto, visite o blog Terrear.
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