Uma batalha apenas
Na madrugada do dia 12 de Abril, conseguimos uma vitória, mas foi apenas numa batalha. Mais de cem mil vozes começaram a ser ouvidas. Valeu a pena deixarmos de corrigir os testes e afastarmo-nos da família por um dia para nos juntarmos e mostrarmos que nos sentíamos indignados por sermos tão maltratados pelo Ministério.
Inicialmente, todos os professores tinham de ser avaliados ainda este ano em duas aulas assistidas. Depois, já não havia aulas assistidas, porque os titulares não teriam tempo de dar as suas aulas e de assistir às dos "colegas" avaliados. Depois eram só os contratados e os que mudavam de escalão a serem avaliados, segundo os critérios de cada escola. Finalmente, esses professores serão avaliados pelos mesmos indicadores em todo o país. Analisando esses critérios, concluímos que são os mesmos que já existiam e que este governo suspendeu, porque congelou o tempo de serviço e as carreiras. É verdade, quem suspendeu a avaliação dos professores para depois dizer que não existia foi este governo.
No entanto, só vencemos uma batalha que só terá reflexo neste ano lectivo, ainda há um longo caminho a percorrer, pois ainda temos de conseguir ganhar a guerra das mudanças para o futuro, negociando os seguintes pontos:
1.º Acabar com a distinção das categorias na carreira;
2.º Repor a democracia nas escolas;
3.º Impedir que o abandono escolar conte para a avaliação dos professores;
4.º Aproveitar o acordo para impor este modelo de avaliação simplificada e menos burocrática a todos os professores nos próximos anos;
5.º Voltar a ser concedido tempo aos professores para planificarem e prepararem aulas, elaborarem e corrigirem testes, fazerem relatórios e prepararem actividades, analisarem e seleccionarem manuais, participarem em reuniões e fazerem formação;
6.º A supervisão de aulas deverá ser só em casos pontuais;
7.º Os resultados da avaliação dos alunos não devem influenciar negativamente a avaliação dos professores, porque a "matéria-prima" não é idêntica;
8.º A diminuição do número máximo de alunos por turma para 25, numa primeira fase;
9.º A devolução do tempo de serviço efectivamente prestado para efeitos de progressão na carreira;
10.º O mesmo tratamento para correctores de exames nacionais do 3º ciclo e do secundário;
11.º A distinção clara no Estatuto do Aluno entre faltas justificadas e injustificadas.
Se conseguirmos acordo em 6 destes 10 pontos já será uma negociação positiva. Caso contrário, o ministério vencerá. Para conseguirmos uma vitória clara, temos de explicar bem aos portugueses que o passo dado foi só para este ano lectivo e que a luta continuará para que o modelo, que o ministério e sindicatos concordaram que era justo para os contratados seja adoptado para todos os docentes, nos próximos anos. O Ministério foi ardiloso ao fazer o acordo só para este ano, acabando com a contestação, porque a partir de agora a opinião pública não perceberá os motivos que levarão os professores a continuar a lutar, se o ministério já cedeu. Devemos aproveitar esta vitória como motivação para as futuras lutas e explicar muito bem a todos que o entendimento alcançado foi só para este ano lectivo.
Neste jogo de xadrez, temos de nos lembrar de que ainda só conseguimos pôr o rei em xeque, de que este jogo só se ganha com xeque-mate e de que o adversário fez uma boa jogada para o evitar, lançando-nos o isco... Cabe-nos fazer a próxima jogada.
salvarescola@gmail.com
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