- Uma divisão da carreira entre professores titulares e não titulares que nenhum benefício traz à qualidade do ensino, mas que, em contrapartida, aumenta exponencialmente a quebra de solidariedade entre colegas, as fracturas no interior das escolas e a multiplicação de injustiças avulsas.
- Um modelo de avaliação do desempenho hiper-burocratizado, sem qualquer paralelo nos restantes países europeus, que pretende formatar as práticas lectivas na base de uma ideologia pedagógica imposta de forma unilateral, mais uma vez sem quaisquer vantagens para a dignificação da carreira docente e para o efectivo reconhecimento da qualidade e do mérito.
- Um modelo de administração escolar que cancela, definitivamente, a prática da co-responsabilização democrática no processo de tomada de decisões dentro das escolas, impondo a figura de um director todo-poderoso, dotado de poderes discricionários, e acentuando, ao mesmo tempo, a sua dependência em relação ao poder político do Ministério, dessa forma reduzindo ainda mais a já exígua autonomia dos estabelecimentos de ensino.
Neste momento, todos estes pilares do ataque à Escola Pública estão em fase de consumação. Mas o Governo tem outros projectos na manga, que só não foram ainda implementados por colidirem com os intuitos demagógicos em tempo de eleições. Entre tais projectos, importa destacar:
- A fusão dos dois anos do 2.º Ciclo do Ensino Básico e a extensão a todo esse ciclo da figura do professor generalista, numa perspectiva de puro economicismo que irá degradar ainda mais as condições de transmisssão dos saberes aos alunos desse nível e que terá um tremendo impacto na precarização e no potencial desemprego de muitos colegas que, com qualificações superiores, hoje trabalham nesse segmento do sistema educativo.
- A supressão das nomeações definitivas, um projecto que já existe em forma de lei aplicável a toda a função pública, e que irá ter na classe docente um efeito profundamente desestabilizador, em especial num tempo de crise económica e social.
- O fim dos concursos nacionais de colocação de professores, garantias de transparência e de equidade nesse processo, que serão substituídos por concursos locais eventualmente entregues à discricionaridade dos poderes autárquicos, com isso abrindo a porta a todo um conjunto de abusos, de arbitrariedades, de conluios e de compadrios, afectando as normas elementares de justiça no acesso dos professores aos estabelecimentos de ensino.
Tudo isto está, hoje, no horizonte que se perfila para as escolas e para os professores deste país. E não é líquido que este programa não venha a ser executado mesmo num cenário em que o PS perca a maioria absoluta. Quem se limita a contar com o resultado das próximas eleições para inverter muitas destas políticas, está a hipotecar a luta dos professores e as consequências positivas que dela poderão decorrer, se formos capazes de a travar aqui e agora.
Por tudo isto, e porque não podemos ficar de braços caídos face ao futuro que se anuncia, propomos as seguintes formas de luta para este terceiro período:
- Greve por uma semana, em que cada colega fará dois dias de greve, um por departamento curricular ou por região, e um de greve geral seguida de uma grande manifestação nacional.
- Publicação nos jornais de um comunicado/anúncio, de página inteira, no dia da manifestação, explicando à opinião pública as razões da luta dos professores.
- Greve às avaliações do 3.º período que, a ser aprovada pelos professores, se deverá pautar pelas seguintes condições: ser entendida como um último recurso no caso de as negociações com o Ministério da Educação não conseguirem responder aos principais anseios dos professores; assentar numa preparação cuidada e criteriosa, com sessões de esclarecimento organizadas pelos sindicatos em todas as escolas e uma campanha de informação junto das associações de pais e da opinião pública em geral.
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