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quinta-feira, março 20, 2008

Julgam que os professores só dão aulas?

O QUE EM MÉDIA UM PROFESSOR DO 2.º OU 3.º CICLO FAZ DURANTE UM ANO LECTIVO:

Com base no meu “estudo” pessoal (Lurdes Paraíso),

Lecciono 6 turmas em Educação Visual, no total de 117 alunos;
Lecciono 1 turma em Formação Cívica, de 19 alunos;
Lecciono 1 turma em Área Projecto, de 23 alunos;
Lecciono Aulas de Complemento Curricular no 1.º ciclo, no Clube de Artes, do 1.º ao 4.º ano, no total de 21 alunos;
Lecciono o Clube de Jornalismo, no total de 13 alunos,

Logo, trabalho em contextos específicos, com 193 alunos!

A - Documentação/papeis criados, preenchidos e tratados:

1 - Início do ano: Planificações (1 pág. por turma/disciplina/área = total de 10 págs.); Critérios de Avaliação/correcção (1 pág. por turma/disciplina/área = total de 10 págs.); Descriminação de competências a atingir (1 pág. por turma/disciplina/área = total de 10 págs.); articulações interdisciplinares (1 pág. por turma = total de 6 págs.); (…) são fotocopiadas (1 exemplar para o dossier de Directores de Turma, no Plano Curricular de Turma, 1 ex. para o Conselho Executivo, anexo à acta, 1 ex. para os nossos registos pessoais, 1 ex. para o dossier de Departamento …)
Logo, num total de 36 páginas (120 fotocópias)
Se temos alunos com “NEE”, serão mais 4 páginas de documentação, fotocopiadas em triplicado, logo 12 págs.)
Ficam de fora, testes diagnósticos (117 fotocópias e 6 relatórios = 6 págs.)

2 - A meio de cada período (Avaliações Intercalares): registo de avaliações intercalares (1 pág. por turma/disciplina = total de 8 págs.) (…)
Logo, 3 períodos num ano lectivo, no total de 24 págs.)

3 - Final de período: fichas de avaliação (1 pág. por aluno = total de 193 págs. Fotocopiadas em duplicado); ficha de avaliação de Formação Cívica, Área Projecto, Clube de Jornalismo, Educação para a saúde, Clube de Artes (1.º ciclo) (1 pág. por disciplina/área = total de 5 págs.)
Logo, num total de 198 págs. (394 fotocópias)
Logo, tendo 3 períodos lectivos, dá um total de 594 págs. (1182 fotocópias)

4 - Sou Directora de Turma: início do ano: Plano Curricular de Turma (25 págs., fotocópias: 1 exemplar para dossier de Direcção de Turma, 1 exemplar para o Conselho Executivo); Planos de Recuperação (este ano tive 6 alunos com cada plano a 4 págs., logo 24 págs., fotocopiadas em duplicado); registo de faltas (10 disciplinas, registadas em fichas e depois no sistema informático); preenchimento das fichas de avaliação (total de 19 páginas); (…)
Logo, num total de 78 págs. (98 fotocópias)

5 - No último período, ainda relatórios de avaliação: para Formação Cívica (1 pág.); para Área Projecto (1 pág.); para Clube de Jornalismo (1 pág.); como Directora de Turma: para avaliação da turma (2 págs.); para Planos de Acompanhamento (1 pág.); para Retenção (1 pág. por aluno, depende das retenções); para Retenção Repetida (3 pág. por aluno, depende das retenções repetidas); para Planos de Recuperação (1 pág. por aluno, vou fazer 6, porque tenho 6 alunos em Planos = 6 págs.); para Director de Turma, sobre o meu trabalho desenvolvido (média 3 págs.); para o Clube (1 pág.); para o 1.º Ciclo (1 pág.); (…)
Logo, num total no mínimo de 22 págs. (44 fotocópias)

Como compreenderá, deve estar a escapar-me alguma coisa, ou haver aqui alguma margem de erro!

Em resumo (ao longo dum ano lectivo):

a) Trabalho com 193 alunos;

b) Posso criar, analisar, preencher (”passam-me pelas mãos”) 758 páginas (papel);

c) Estão envolvidos aproximadamente 1 456 fotocópias/PB;

d) Faço, em média, 17 367 registos (mão livre/informatizados) em documentos oficiais (explico a seguir).

Nas fichas de avaliação dos alunos (1 por aluno = 193 alunos) são registados dados (cruzes, abreviaturas de menções qualitativas, etc.):
Educação Visual - 7 dados/aluno x 117 alunos x 6 turmas x 3 períodos = 14742 registos;
Formação Cívica - 7 dados/aluno x 19 alunos x 3 períodos = 399 registos;
Área Projecto - 5 dados/aluno x 23 alunos x 3 períodos = 345 registos;
Como Directora de Turma (preencher dados como: nome, números, faltas, cruzes de avaliação global, cruzes de recomendações ao encarregado de educação) = aproximadamente: 33 dados/aluno x 19 alunos x 3 períodos = 1881 registos;

e) Somando os registos oficiais com os pessoais (alíneas a + e), dá - 30 003 registos totais (explico a seguir)

Se considerar os dados que manipulo antes de os introduzir nos documentos oficiais, então será só na disciplina de Educação Visual, o seguinte:
3 Trabalhos (média) por período x 12 registos (12 critérios de avaliação/correcção em Excel) x 3 períodos x 117 alunos (em Educação Visual) = 12636 registos pessoais.

B - Reuniões ao longo do ano lectivo: 91 reuniões

a) Conselhos de Turma:

1 Setembro + 1 início ano lectivo (após as aulas começarem) + 1 fins de Setembro
+ 1 Intercalar do 1.º período + 1 final do 1.º período (avaliação) + 1 intercalar do 2.º período + 1 final do 2.º período (avaliação) + 1 intercalar do 3.º período + 1 final do 3.º período (avaliação) x 6 turmas = total de 54 reuniões

b) Encarregados de Educação, porque sou também Directora de Turma:

1 Início aulas + fim 1.º período + fim 2.º período + fim do 3.º período x 1 turma = total de 4 reuniões (fora as reuniões que vou tendo com Encarregados de Educação nas horas de atendimento e a título individual).

c) Outras reuniões:

Reunião Geral (2 reuniões/ano) + Conselho de Directores de Turma (10 reuniões/ano) + Áreas Curriculares não Disciplinares (3 reuniões/ano) + Clubes e Projectos (3 reuniões/ano) + Departamento (11 reuniões/ano) + reuniões diversas, tipo preparar actividades extra-curriculares (média 4 reuniões/ano) = total de 33 reuniões.

C - Outros indicadores, que “não têm papel”, nem convocatórias:

- Ensino Educação Visual, sou “psicóloga”, “mãe/pai”, procuro resolver problemas de indisciplina, de zangas, de “guerras e guerrinhas”, ouço desabafos, confidências, avalio e envio relatórios para Segurança Social, Comissão de Protecção de Crianças e Jovens, quando é necessário (Nota: trabalho com adolescentes);

- Atendo Pais e Encarregados de Educação, articulo com eles, mas não recebo outros Pais ou Encarregados de Educação de que tanto preciso, porque não querem, ou, não podem vir à escola;

- Participo na organização, colaboração de actividades extra-curriculares: Festa de Natal, Carnaval, Páscoa, “Feira de Maio”, Encerramento Ano Lectivo (…);

- Faço a paginação do jornal da escola (28 págs. /jornal x 3 períodos = 84 págs.);

- (Fazendo uma média de dois trabalhos por período na minha disciplina), observo e acompanho: 117 alunos x 2 trabalhos/média/período x 3 períodos =702 trabalhos práticos.

- (…)

FIM

Agora imagine um professor de uma disciplina que dá testes!!!

((2 a 3 por período X 117 alunos) X 30 min mínimo corrigir) X 3 períodos

mmmmmmm????????

Faça as contas…

Eu sou professor!!! Se quiserem ensino a fazer!!!

Comentário de Tiago Soares Carneiro

In http://arrastao.org/blogosfera/movimento-escola-publica/

terça-feira, março 11, 2008

E depois da Marcha?

Reportagem de o «SOL»: Pós-Marcha da Indignação; Professores procuram novas formas de luta

Por Margarida Davim

Depois da Marcha da Indignação, os professores
dividem-se sobre a forma de continuar a exercer
pressão contra Maria de Lurdes Rodrigues. Há quem
defenda a greve, mas também há quem avance com ideias
originais. Como ir pintar a escola nas férias da
Páscoa.


Com uma adesão sem precedentes, a manifestação de
professores deste sábado, marcou um pico de
contestação a Maria de Lurdes Rodrigues. Mas as
garantias de José Sócrates de que vai segurar a
ministra e manter as reformas na Educação, deixaram os
professores num impasse: como continuar a luta contra
as políticas do Governo?

Mário Machaqueiro, da Associação de Professores e
Educadores em Defesa do Ensino, acha que a greve não é
solução. "A greve confina-se a um único dia e
esgota-se na sua própria realização", disse ao SOL,
sublinhando o facto de se tratar de algo "muito
impopular".

Para Machaqueiro, os docentes precisam "de ser
criativos e encontrar novas formas de luta", até
porque, depois da Marcha da Indignação e de
manifestações por todo o país "esse modelo está
esgotado" e os movimentos criados à margem dos
sindicatos consideram que "as acções de rua também não
são o caminho a seguir".

A saída pode passar pela acção dentro das próprias
escolas. Mário Machaqueiro lembra que "os conselhos
executivos de várias escolas tomaram a decisão de
suspender o processo" de avaliação de desempenho dos
docentes.

Machaqueiro dá os exemplos da Escola Secundária da
Amora, da Escola Gabriel Pereira de Évora ou da Escola
Secundária de Felgueiras. "Apenas algumas entre muitas
que já optaram por parar a avaliação", garante.


A discussão segue na internet

Nos vários blogues e fóruns online sobre Educação, a
discussão faz-se à volta de uma eventual greve. No
siteSala dos Professores, são vários os apelos à
paralisação dos docentes, mas Paulo Guinote, do blogue
A Educação do Meu Umbigo, não acredita que essa seja a
solução.

"A aposta do ME vai tentar ser a de fingir que tudo
está na mesma, fazendo acertos mínimos de calendário,
esperando uma jogada mal feita ou precipitada dos
docentes (uma greve mal pensada, por exemplo) para
capitalizar junto da opinião pública" , escreve Paulo
Guinote, que pede aos professores que "mantenham a
cabeça fria e dominem a impaciência".

No blogue Democracia em Portugal, faz-se uma sugestão
original. Tiago Carneiro diz: "Ficar em casa é fácil.
Difícil é perder dias de férias e ir trabalhar". Por
isso, este professor afirma estar contra a greve e
sugere que os docentes passem as férias da Páscoa a
pintar as escolas. "Será fácil arranjar quem patrocine
as tintas", garante.

Escolas em luto

Reunida em conselho nacional, esta segunda e
terça-feira, a Federação Nacional de Professores
(Fenprof), lança o repto para mais uma acção de luta e
pede aos professores que se vistam de preto.

Em comunicado, a Fenprof anuncia que, a partir desta
segunda-feira e até ao final da semana, "foi
proclamada a Semana Nacional de Luto nas Escolas".

"O vestuário escuro e a colocação de sinais visíveis
de luto nas escolas - apelando-se à criatividade dos
professores, que tão bons resultados tem dado nesta
luta - será uma das várias formas de manifestarmos o
protesto pelas actuais políticas educativas", lê-se
no mesmo comunicado.

Recorde-se que Mário Nogueira anunciou, este sábado,
novas manifestações durante as segundas-feiras do
terceiro período lectivo. Em Abril começam os
protestos no Norte (dia 14), no Centro (dia 21) e na
Grande Lisboa (dia 28). No dia 5 de Maio será a vez
dos docentes do Sul e das Regiões Autónomas
demonstrarem o descontentamento pela política de Maria
de Lurdes Rodrigues.

Além disso, será entregue, em breve, ao Governo um
abaixo-assinado recolhido pela Fenprof, contra as
políticas do Ministério da Educação.