Situação calamitosa que se vive na Esc. Sec. Cristina Torres - FIGUEIRA DA FOZ
Julgo que os colegas necessitam do apoio imediato da APPEFIS (info@appefis.org), do próprio sindicato, do CNAPEF (cnapef@gmail.com) e da SEPF
Olá colegas
Venho expor-vos um assunto para o qual gostaria de obter um comentário vosso:
Na Escola Secundária c/ 3ºCiclo de Cristina Torres (Figueira da Foz), o Director, com o apoio do Conselho Pedagógico, veio obrigar a que os professores de Educação Física desta escola, implementem medidas de apoio educativo sempre que a média de um aluno/a nas outras disciplinas difira dois ou mais valores em relação à classificação atribuída em Educação Física.
Este plano tem como objectivo permitir ao aluno/a a recuperação e o desenvolvimento das competências necessárias para este/a atingir um nível equivalente ao seu "perfil".
Ou seja, por absurdo, poderemos ter um aluno com uma classificação de 18 valores em Educação Física, mas que tendo média de 20 valores nas restantes disciplinas, terá que ser sujeito a um plano de recuperação.
Convém referir que mesmo que esta situação se verifique noutras disciplinas, o referido plano só se aplica na disciplina de Educação Física.
Temos portanto aqui uma situação clara de discriminação e de arbitrariedade com a conivência do Conselho Pedagógico, o que é efectivamente grave.
Situações como esta são comuns na nossa escola.
Desde uma gradual degradação das condições de trabalho, passando pela elaboração de horáriosde Educação Física - que não só desrespeitam os professores como ospróprios alunos, impedindo-os de ter condições de prática que lhes permita ter uma aprendizagem de qualidade (a título de exemplo dir-vos-ei que há professores a trabalharem em todos os turnos da semana sem folga alguma, algo nunca visto em nenhuma escola; condições de espaço para 3 professores trabalharem em simultâneo, chegam a trabalhar 5; etc) - e acabando noutras situações que agora não vale a pena aqui relatar.
A verdade é que a desconsideração pela disciplina não tem limites.
Perante estas situações tudo têm os professores feito para alterar este estado de coisas.
Debalde.
A Direcção está apostada em fazer a vida negra aos professores de Educação Física e tem conseguido levar a sua avante para desespero de todos nós.
Perguntar-me-ão o porquê de tudo isto?.
Será que os professores são uns baldas, não trabalham?
Nada disso.
Em vez de reconhecer o trabalho que os seus profissionais desenvolvem, o Director persegue-os pq não reconhece importância à Educação Física e, acima de tudo, não está de acordo com as classificações atribuídas na disciplina que, segundo ele, prejudicam os melhores alunos.
Isto apesar de a média em Educação Física ser a mais alta comparativamente com as restantes disciplinas.
Só que isso para a Direcção e a maioria dos restantes colegas pouco importa.
Para esta "gentalha" se um aluno/a tem média de 18 tem que obrigatoriamente ter a mesma classificação em Educação Física.
Claro está que esta atitude merece o apoio da Associação de Pais.
A guerra está instalada: enquanto não soçobrarmos a declaração de guerra é para manter.
É justo isto? Não me parece.
Pedro Neto, sócio n.º 99 da appefis
Um comentário:
Eu lamento o facto deste comentário vir bem atrasado, apenas agora descobri a existência desta... chamemos-lhe reclamação, e lamento ainda mais que ainda existam professores de Educação Física como este senhor.
Frequento a mesma escola que este docente descreve como estando numa situação calamitosa (algo hiperbólico, a meu ver) e sou precisamente uma dessas boas alunas cuja nota de Educação Física a prejudica: com 19 e 20 a todas as outras disciplinas acabei o meu 11º ano com 17 a Educação Física, nota esta apenas obtida por votação em conselho de turma.
A coordenação motora nunca foi um dos meus pontos fortes, não por falta de empenho, mas sim por falta de aptidão natural. Apesar de todos os meus esforços terem surtido algumas melhorias na disciplina é certo que nunca conseguirei atingir níveis de excelência. Como eu existem muito mais alunos.
E é por isso que opiniões como esta revoltam-me tanto que não me posso abster de comentar, mesmo sendo esta reclamação tão antiga que provavelmente a minha resposta a ela não terá qualquer efeito.
Uma coisa não posso deixar reconhecer ao professor Neto: as condições para a prática da Educação Física na nossa escola são de facto más. Mas pergunto-me se não terá este senhor nunca feito um desvio da sua habitual rota sala de professores-pavilhão polidesportivo e entrado num dos pavilhões onde se leccionam as restantes disciplinas. Não, não é apenas o ginásio que se encontra degradado e sobre-lotado -- é a escola inteira. Isto torna ridículo esta obsessão com as supostas "perseguições" ou "desconsiderações" ou "vidas negras" de que tanto se queixam os professores de Educação Física: não são apenas os senhores que têm de trabalhar em condições deploráveis - são todos os profissionais de uma classe docente que lecciona num sistema educativo onde foram feitos demasiados cortes orçamentais.
É precisamente no cerne deste sistema educativo decadente que se encontra o verdadeiro absurdo: a nota de Educação Física contar para média de acesso ao ensino superior. Aí sim está o verdadeiro problema! Como é que é possível que para ingressar na universidade seja preciso a nota de uma disciplina que depende quase inteiramente de aptidões que não podem ser aprendidas? Ou é por acaso culpa minha e de tantos outros o sermos "desajeitados"? Ou talvez este senhor professor ache correcto que um aluno fique à porta do curso de Medicina porque era um desastre a correr atrás de uma bola.
É, a meu ver, meramente para compensar este erro crasso na legislação que a Direcção e o Conselho Pedagógico criaram os tais planos de recuperação. Para tentar ser correcto para com alunos que se esforçam. Para premiar o empenho dos estudantes. Para não permitir injustiças no acesso ao ensino superior. Sim, porque numa certa escola da zona as notas de educação física são dadas em função das restantes classificações, não se pondo sequer a tal situação de haver diferença de dois valores. Pergunto-me se será justo os alunos da Cristina Torres serem ultrapassados por outros devido à existência de professores como este senhor: pouco sensíveis ao aluno e à pedagogia e mais interessados em guerras internas entre docentes.
Mas suponho que tenha ganho a "guerra" : este ano não me foi aplicado qualquer plano de recuperação.
Só para terminar: é uma vergonha para mim e para a minha escola que esta birra apareça em 3º lugar quando escrevo "escola cristina torres" no google.
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