terça-feira, março 11, 2008

E depois da Marcha?

Reportagem de o «SOL»: Pós-Marcha da Indignação; Professores procuram novas formas de luta

Por Margarida Davim

Depois da Marcha da Indignação, os professores
dividem-se sobre a forma de continuar a exercer
pressão contra Maria de Lurdes Rodrigues. Há quem
defenda a greve, mas também há quem avance com ideias
originais. Como ir pintar a escola nas férias da
Páscoa.


Com uma adesão sem precedentes, a manifestação de
professores deste sábado, marcou um pico de
contestação a Maria de Lurdes Rodrigues. Mas as
garantias de José Sócrates de que vai segurar a
ministra e manter as reformas na Educação, deixaram os
professores num impasse: como continuar a luta contra
as políticas do Governo?

Mário Machaqueiro, da Associação de Professores e
Educadores em Defesa do Ensino, acha que a greve não é
solução. "A greve confina-se a um único dia e
esgota-se na sua própria realização", disse ao SOL,
sublinhando o facto de se tratar de algo "muito
impopular".

Para Machaqueiro, os docentes precisam "de ser
criativos e encontrar novas formas de luta", até
porque, depois da Marcha da Indignação e de
manifestações por todo o país "esse modelo está
esgotado" e os movimentos criados à margem dos
sindicatos consideram que "as acções de rua também não
são o caminho a seguir".

A saída pode passar pela acção dentro das próprias
escolas. Mário Machaqueiro lembra que "os conselhos
executivos de várias escolas tomaram a decisão de
suspender o processo" de avaliação de desempenho dos
docentes.

Machaqueiro dá os exemplos da Escola Secundária da
Amora, da Escola Gabriel Pereira de Évora ou da Escola
Secundária de Felgueiras. "Apenas algumas entre muitas
que já optaram por parar a avaliação", garante.


A discussão segue na internet

Nos vários blogues e fóruns online sobre Educação, a
discussão faz-se à volta de uma eventual greve. No
siteSala dos Professores, são vários os apelos à
paralisação dos docentes, mas Paulo Guinote, do blogue
A Educação do Meu Umbigo, não acredita que essa seja a
solução.

"A aposta do ME vai tentar ser a de fingir que tudo
está na mesma, fazendo acertos mínimos de calendário,
esperando uma jogada mal feita ou precipitada dos
docentes (uma greve mal pensada, por exemplo) para
capitalizar junto da opinião pública" , escreve Paulo
Guinote, que pede aos professores que "mantenham a
cabeça fria e dominem a impaciência".

No blogue Democracia em Portugal, faz-se uma sugestão
original. Tiago Carneiro diz: "Ficar em casa é fácil.
Difícil é perder dias de férias e ir trabalhar". Por
isso, este professor afirma estar contra a greve e
sugere que os docentes passem as férias da Páscoa a
pintar as escolas. "Será fácil arranjar quem patrocine
as tintas", garante.

Escolas em luto

Reunida em conselho nacional, esta segunda e
terça-feira, a Federação Nacional de Professores
(Fenprof), lança o repto para mais uma acção de luta e
pede aos professores que se vistam de preto.

Em comunicado, a Fenprof anuncia que, a partir desta
segunda-feira e até ao final da semana, "foi
proclamada a Semana Nacional de Luto nas Escolas".

"O vestuário escuro e a colocação de sinais visíveis
de luto nas escolas - apelando-se à criatividade dos
professores, que tão bons resultados tem dado nesta
luta - será uma das várias formas de manifestarmos o
protesto pelas actuais políticas educativas", lê-se
no mesmo comunicado.

Recorde-se que Mário Nogueira anunciou, este sábado,
novas manifestações durante as segundas-feiras do
terceiro período lectivo. Em Abril começam os
protestos no Norte (dia 14), no Centro (dia 21) e na
Grande Lisboa (dia 28). No dia 5 de Maio será a vez
dos docentes do Sul e das Regiões Autónomas
demonstrarem o descontentamento pela política de Maria
de Lurdes Rodrigues.

Além disso, será entregue, em breve, ao Governo um
abaixo-assinado recolhido pela Fenprof, contra as
políticas do Ministério da Educação.

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